São Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro

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Frei Galvão, primeiro santo brasileiro, viveu em São Paulo, e sendo alguém de intensa oração, fatos místicos foram testemunhados sobre ele. Sua festa litúrgica é comemorada em 25/10
Publicado em: 25/10/2016 - 12:45
Créditos: Júlia Cabral/ Jornal O SÃO PAULO - Fotos Luciney Martins
​​Antônio de Sant’Ana Galvão, conhecido também como Galvão ou São Frei Galvão, foi um frade da ordem dos franciscanos e o primeiro santo nascido no Brasil.  
Antônio nasceu em Guaratinguetá (SP), onde passou importantes momentos de sua vida religiosa. Ao completar 13 anos, seu pai sentiu a necessidade de dar-lhe uma formação humana e cultural. Desse modo, o enviou para o seminário jesuíta Colégio de Belém, na Bahia, onde, por quatro anos, o garoto fez grandes progressos nos estudos e na prática cristã. 
 
De volta à casa, nutria o desejo de tornar-se jesuíta. Porém, por conta da perseguição do Marquês de Pombal contra as congregações religiosas e, principalmente, à ordem escolhida, seu pai o aconselhou a juntar-se aos franciscanos, no noviciado em Macacu, no Estado do Rio de Janeiro, e no ano seguinte já fez a profissão religiosa. 
 
Na sequência, foi destinado ao Convento de São Francisco na cidade de São Paulo, para estudar Filosofia e Teologia, ser ordenado sacerdote e ajudar no apostolado. Frei Galvão, no convento em São Paulo, consagrou-se a Maria, como seu “filho e escravo perpétuo”.
 
O Frade era um homem de muita e intensa oração. Alguns fenômenos místicos em sua vida foram presenciados por testemunhas, tais como o dom da cura, da ciência, bi- locação, levitação, sempre em vista do bem de doentes, moribundos e necessitados. E embora escondesse seus atos de caridade, grande parte era anunciado pelas pessoas beneficiadas por ele. Um exemplo são as esmolas que ele recebia de pessoas ricas e usava para pagar dívidas de pessoas presas nas mãos de agiotas, sem que elas soubessem. 
 
Em todos os estudos e textos sobre o Santo, ele é sempre enaltecido “...por suas raras virtudes, que o fizeram ser tido como santo... e falecido em santidade... sendo a sua memória venerada até hoje como a de um santo”.
Já pelo ano de sua morte, em 1822, a fama de sua santidade havia se espalhado por todo o Brasil. E os fiéis compareceram em massa ao velório, ansiosos por guardar uma relíquia sua. Assim, cortavam pedacinhos de seu hábito, fazendo com que ficasse na altura dos joelhos, tanto que precisou ser trocado e o outro ficou igualmente muito curto. O povo não parou por aí e a primeira lápide do seu túmulo teve o mesmo destino: foi, pouco a pouco, sendo levada pelos devotos. 
Em 1998, durante o processo de beatificação, o Vaticano reconheceu as suas virtudes. Um ano depois, um duplo milagre fez com que o Beato fosse conhecido por todo o mundo. 
 
Os personagens desse milagre foram a paulistana Sandra Grossi de Almeida Gallafassi e seu filho Enzo. Sandra não conseguia levar uma gravidez até o final. Mas, depois de dois abortos espontâneos, engravidou uma terceira vez e, apesar de advertências médicas sobre uma gravidez de alto risco para ambos, estava decidida a ter o bebê. Com o conselho de parentes, também passou a tomar as “pílulas de Frei Galvão” e fez uma novena ao frade. A gestação evoluiu normalmente até oitavo mês, quando aconteceu a cesárea. O menino nasceu pequeno e com o problema respiratório grave.
Pedindo novamente a intercessão de Frei Galvão, o garoto teve rápida melhora, e logo deixou o hospital. 
 
Os peritos médicos da Congregação para as Causas dos Santos aprovaram a cura como “cientificamente inexplicável no seu conjunto, segundo os atuais conhecimentos científicos”. Desse modo, Frei Galvão foi canonizado por Bento XVI em 11 de maio de 2007, durante visita apostólica ao Brasil, e passou a ser comemorada sua memória litúrgica no dia 25 de outubro.
 
Na Arquidiocese de São Paulo existe um Mosteiro e algumas comunidades dedicadas ao Santo.