O que a pesquisa espacial pode revelar sobre o ser humano? Esse questionamento aparentemente pode confrontar fé e razão, ciência e religião, mas na ótica do Professor Dr. Ulisses Barres de Almeida - físico PhD em Astrofísica pela Durhan University (Grã-Brentanha), membro do Royal Astronomical Society de Londres e da Sociedade Brasileira de Astronomia, pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas do MCT- a resposta pode ser um ponto m comum entre duas realidades que parecem distantes.

    O encontro com o professor aconteceu na quarta-feira,27, no auditório da Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (FAPCOM), durante a Conferência Explorers, promovida pelo Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade e o padre Antônio Iraldo Alves de Brito, diretor da FAPCOM. 

    O Professor traçou um paralelo entre a sonda espacial Voyager, criada para estudar Júpster e Saturno (a sonda teve sua rota redirecionada e se dirigiu para o fim do sistema solar, lugar onde chegou em 12 de setembro de 2013), e a busca da ciência e da religião para dar respostas aos questionamentos mais fundamentais que o ser humano faz a cerca de sua vida e de sua existência.

    Partindo de uma afirmação do Papa Francisco - "Estou convencido de uma coisa: as grandes mudanças na história ocorreram quando a realidade não era vista a partir do centro, mas sim da perifeiria. Trata-se de uma questão hermenêutica: entede-se a realidade apenas se ela for olhada da periferia, e não uando nosso olhar estiver equidistante de tudo"-, o pesquisador ressaltou a importância de fazer esse mesmo movimento em relação a Terra. 

Diálogo franco entre ciência e religião 

    A Terra vista de longe não passa de um simples "ponto azul", sem nenhuma "significância geográfica". Porém, de acordo com o Professor Dr. Ulisses, este é precisamente o ponto do cosmos no qual o homem tomou consciência do universo e de si mesmo. "O que o homem buscava não tinha tanto a ver com a realidade desconhecida, mas o homem procurava algo de si. A exploração não é só uma exploração geográfica que vai para fora, mas carrega dentro de si um movimento que é mais fundamental, que é a verdadeira exploração: a exploração do homem de si", afirmou. 

    Sobre o diálogo entre fé e ciência, o pesquisador ressaltpu que deve ser uma prática "franca e aberta", pois é uma ação importante para a formação cultural da sociedade. Ao ser questionado sobre a tentativa da ciência do provar a existência de Deus, o professor Ulisses acredita que a ciência revela a ordem do cosmo, trazendo à tona a categoria de que as coisas têm um sentido e, portanto, falam de uma razão que está por trás delas. 

    O Padre Vandro Pisaneschi, coordenador do Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade, destacou que a "verdadeira ciência abre o ser humano à beleza das coisas. E o ser humano quando encontra a beleza das coisas encontra muitaas respostas para si mesmo, e percebe que a vida encontra sentido e vale a pena, e isso pode ajudar no caminho da fé".

    Ao avaliar o encontro, o Coordenadorde Pastoral destacou que a atividadeatingiu o resultado esperado, e ao trazer um acdêmico e pesquisador, o Vicariato mostrouu que um cientista, quando é honesto em sua pesquisa, irá se deparar om as questões fundamentais do ser humano e, também, comas questões de fé.