A arte de rezar

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13/05/2014 - 00:00

Ao afirmarmos que a oração é uma arte, afirmamos que a oração, embora seja, por excelência, dom de Deus; é também fruto do esforço e da aprendizagem humanas.

 

“A oração não se reduz ao surgir espontâneo de um impulso interior, para rezar é preciso querer. Não basta saber o que as Escrituras revelam sobre a oração, é indispensável também aprender a rezar. Por uma transmissão viva (a sagrada Tradição), o Espírito Santo, na “Igreja crente e orante”, ensina os filhos de Deus a rezar” (CIC 2650).

 

Quando nós contemplamos uma obra de arte, vemos conjugados num espaço, num objeto, num gesto:  aptidões pessoais, beleza, esforço e encanto. É um conjunto de atitudes que se harmonizam, dando àquela ação, àquele espaço, um significado novo, uma beleza e um brilho extraordinários!

 

Assim também ocorre com a oração. No início está sempre a escuta da Palavra de Deus: “Os Padres espirituais parafraseando Mt 7,7, resumem assim as disposições do coração alimentado pela Palavra de Deus na oração: ‘Procurai pela leitura, e encontrareis meditando, batei orando, e vos será aberto pela contemplação’” (CIC 2654)

 

A oração cristã para ser bem vivida precisa ser, antes de tudo, como resposta à um Outro que interpela, chama, convoca e envia. É sempre “Amém” a Deus que sempre toma a iniciativa e chama à intimidade consigo.

 

Fé, esperança e caridade são as ferramentas que utilizamos no exercício da oração (cf. CIC 2656-2658). São as virtudes que tornam a nossa oração, uma obra de arte! Quanto mais iluminada pela fé, sustentada pela esperança e guiada pelo amor; mais nossa oração se reveste de valor e de beleza.

 

Mas, tudo isso correria o risco de ser um princípio apenas se, não estivesse ligado com a vida concreta da existência. O Catecismo da Igreja Católica afirma que “em todos os tempos, nos acontecimentos de cada dia que seu Espírito nos é oferecido para fazer jorrar a oração” (n. 2659).

 

E conclui: “Orar nos acontecimentos de cada dia e de cada instante é um dos segredos do Reino revelados aos “pequeninos”, aos servos de Cristo, aos pobres das bem-aventuranças. É justo e bom orar para que a vinda do Reino de justiça e de paz influa na marcha da história, mas é também importante modelar pela oração as simples situações do cotidiano. Todas as formas de oração podem ser esse fermento ao qual o Senhor compara o Reino” (n. 2660).

 

Tornar nossa oração uma arte, exige reservar cada dia um tempo para orar. Um tempo fixo, em que podemos estar com o Senhor, na escuta da sua Palavra e, no esforço de responder-lhe com nossa fé, nossa esperança e nossa caridade.

 

A oração e a vida se tornam uma arte quando compreendemos que há sempre Alguém à nossa espera, Alguém que tem para nós uma Palavra e quer envolver nossa vida de graça e encanto. Deixemo-nos modelar por Deus, fazendo de toda nossa vida, uma oração!