O espírito dos evangelizadores

A A
10/06/2014 - 00:00

“Enviai o vosso Espírito e renovai a face da terra” – assim a Igreja suplica a Deus, confiante na força vivificadora e na ação renovadora do Espírito de Deus. Animada pela força do Espírito de Deus, a Igreja atravessou 20 séculos de história, apesar das dificuldades e fraquezas humanas, que não foram poucas...

Mas a ação do divino Consolador, do Advogado e Defensor, do Conselheiro, do Sopro vivificante e da Divina Unção confortou sempre de novo a Igreja de Cristo, mostrou-lhe as decisões a tomar e o caminho a seguir; deu discernimento aos pastores, constância e virtude aos santos, coragem aos mártires, alegria e esperança ao povo de Deus no caminho do Evangelho.

No momento atual da história, a Igreja procura confrontar-
se, de maneira renovada, com sua identidade e missão. De muitos modos, somos chamados a viver a alegria da fé numa renovada autenticidade de vida cristã e no zelo pela transmissão da fé. De onde podemos receber a capacidade para fazê-lo, senão do próprio Senhor da Igreja, que concede o seu Espírito Santo em abundância a quem o invoca?!

No último capítulo de sua exortação apostólica sobre “A Alegria do Evangelho” (Evangelii Gaudium), o papa Francisco observa que a Igreja precisa de “evangelizadores com espírito”, abertos à ação do Espírito Santo, que faz reconhecer as maravilhas de Deus e infunde a alegria da salvação; o Espírito Santo faz perder o medo e desperta corajosas e dedicadas testemunhas de Jesus Cristo. É ainda o Espírito Santo que move interiormente, dá coragem e incentiva para a ação pessoal e comunitária (cf. n.261).

Uma evangelização nova depende de evangelizadores novos, animados pela força do Espírito de Cristo, cheios do “fogo” do Espírito, que os consome de amor a Deus e aos irmãos. O Espírito Santo é a alma da Igreja; sem ele, o ardor missionário esfria e a chama da fé se apaga.

Diz ainda o Papa na mesma Exortação Apostólica: “para manter vivo o ardor missionário, é necessária uma decidida confiança no Espírito Santo, porque Ele ‘vem em socorro de nossa fraqueza’ (Rm 8,26). Ele pode curar tudo o que nos faz esmorecer no compromisso missionário” (nº 280). Portanto, “continuemos indo em frente, empenhemo-nos totalmente, mas deixemos que seja Ele a tornar fecundos os nossos esforços, como melhor lhe parecer” (n. 279).

No domingo de Pentecostes, pedimos que Deus realize “ainda hoje, mediante seu Espírito, as maravilhas que realizou no início da pregação do Evangelho” (Oração do Dia). Planejamentos e programas pastorais, com métodos apropriados para a sua implementação, são necessários. Mas não são eles que garantem o fruto da evangelização: este é obra da graça do Espírito Santo e dos corações que se abrem à sua ação, com liberdade e generosidade. E de evangelizadores animados pelo Espírito Santo e dóceis a Ele.

Artigo publicado no Jornal O SÃO PAULO, Edição 3006 - 10 a 16 de junho 2014