'Misericordiosos como o Pai',

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Durante uma semana os Seminaristas da Arquidiocese de São Paulo fizeram visitas missionárias em casas, asilos, orfanatos, presídios e hospitais.
Publicado em: 12/07/2016 - 19:00
Créditos: Renata Moraes

Por Renata Moraes

Após sete dias  em missão de férias, os seminaristas da Arquidiocese de São Paulo estiveram reunidos na manhã da segunda-feira, 11, no Seminário de Teologia Bom Pastor, no Ipiranga, para avaliação da experiência missionária. Acolhidos por Dom Júlio Endi Akamine, vigário geral da Arquidiocese e pelos bispos auxiliares e padres formadores dos seminários, os futuros sacerdotes falaram das suas experiências durante a missão 2016, encerrada no último domingo, 10.

Neste ano a missão teve o tema “Misericordiosos com o Pai”, (Lc 6,36), à luz do Ano santo da Misericórdia, os 64 estudantes das quatro casas de formação do Seminário Arquidiocesano Imaculada Conceição foram divididos em grupos e visitaram paróquias, comunidades e as chamadas realidades de fronteira, em presídios, hospitais, junto a população em situação de rua. E neste ano pela primeira vez estiveram junto as crianças e adolescentes assistidos pela Pastoral do Menor.

Para os seminaristas muito mais do que evangelizar e levar a palavra de Deus, a missão foi um tempo propício para a escuta do outro, momento de ouvir as histórias de vida e conhecer as realidades e o sofrimento dos irmãos. Alguns testemunhavam: “Como a vida do outro é importante, e como a gente sofre por tão pouco”, “como falar de fé para pessoas que sofrem tanto e muitas vezes sobrevivem da fé”, ao recordarem a vivência . Padre José Adeildo Machado, reitor do Seminário Propedêutico Nossa Senhora da Assunção e coordenador da missão, em entrevista ao Portal Arquisp, destacou a importância da experiência. “A missão nos faz ser Igreja de Cristo, nos faz viver o Evangelho e nos dá mais convicção da vocação. As pessoas visitadas têm a sede do encontro, como nos ensina Papa Francisco: encontrar o outro para viver o Evangelho, sendo um sinal de alegria na vida dos irmãos”.

E completou “O missionário que vai ao encontro do outro é também evangelizado pelas realidades que ele conhece”. Padre Adeildo reforçou que a ideia da missão é também ser contínua, e que o trabalho nas paróquias visitadas deve ser permanente, despertando assim o espírito missionário dos leigos nestas realidades.Em entrevista ao Portal Arquisp, Dom José Roberto Fortes Palau, Bispo auxiliar da Região Ipiranga e bispo referencial dos seminaristas na Arquidiocese,

“O sacerdote tem que ter o cheiro das ovelhas, já nos ensinava Papa Francisco. Este contato com o nosso povo e com as realidades é muito importante, para que o sacerdote nunca perca de vista esse carinho com seu povo. Esta experiência pastoral alimenta a espiritualidade do futuro sacerdote. Que os nossos seminaristas olhem o mundo com olhos de misericórdia”. Ao final dos relatos dos seminaristas, Dom Júlio sintetizou sobre a importância da vivência missionária. “Ouvir essa experiência nos coloca junto dessa realidade. Acolher a experiência também significa sofrer e fazer parte dela”. O bispo destacou que agora é necessário que os futuros padres aprofundem esta experiência.“Utilizem da Teologia e da Filosofia para refletirem e aprofundarem a espiritualidade desta missão. Aprofundar a pedagogia do encontro, a partir das leituras bíblicas e das realidades que vocês tiveram contato”. Em seguida todos participaram de uma missa, presidida por Dom Júlio e concelebrada pelos bispos auxiliares e padres formadores.

A experiência do encontro

“A missão é um grande encontro, e nos dá a oportunidade de poder se encontrar com o irmão, é o encontro com o próprio Cristo”. Arley da Silva, 23, estudante do terceiro ano da Filosofia, fez missão no Hospital Emílio Ribas. 

“Ver o sofrimento dos adolescentes que são internos na Fundação Casa, foi a experiência mais marcante. Mas ver que a Igreja se faz presente nestas áreas, foi um grande ensinamento para nós”.Carlos André Romualdo, 26, estudante do quarto ano de Teologia, que fez missão na Pastoral do Menor

.“A gente vai para a missão achando que vai ensinar algo, e no final somos nós que aprendemos com eles”. Alex Paulo da Silva, 26, estudante do 2º ano de Filosofia, e fez missão com as pessoas em situação de rua na Fraternidade O Caminho.

“Na experiência do cárcere vivemos a experiência de uma igreja em saída, uma igreja que vai ao encontro dos que precisam. Recordei as palavras do Papa Francisco: ‘que as portas dos presídios também são portas da misericórdia’. Ao visitar os presos que estavam no castigo, na solitária, alguns até choraram, pois alguém se lembrou deles”. Marcos Lucas da Silva Nascimento, 21, estudante do 2º ano de Filosofia, fez missão com a Pastoral Carcerária.

“Para a mim a missão foi vivenciar a cultura do encontro, no qual levamos o Cristo em cada sorriso, abraço e palavras de ânimo e encorajamento. Essa sim é a missão do discípulo, do cristão, daquele que ama a Jesus Cristo e os irmãos”. Miguel Lisboa Aguiar, 18, estudante do 1º ano de Filosofia, fez missão na Paróquia Nossa Senhora do Carmo, na Região Brasilândia.