A mística da misericórdia nas festas juninas

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Ano da Misericórdia
Publicado em: 28/06/2016 - 09:15
Créditos: Redação

A mística da misericórdia nas festas juninas

 

            O brasileiro, genuinamente festeiro, promove três momentos especiais que parecem envolver todo o ano em clima festivo: no início, o ano novo e o carnaval, no fim, as celebrações natalinas. No meio, estão as nossas festas juninas. Nessas ocasiões, o povo é tomado de excepcional alegria e espírito fraterno como se fosse coberto de uma aura divina. Afinal, “Deus se manifesta preferencialmente na festa”. Queremos mencionar três santos celebrados nesta época do ano e aspectos de suas vidas que nos colocam em sintonia com o tema da misericórdia: Santo Antônio, São João e São Pedro.

É conhecido o gesto de Santo Antônio de distribuir aos pobres os pães destinados aos frades do seu convento, inspirando assim a tradicional “bênção do pão”, expressão de solidariedade e partilha. Num de seus sermões, ele diz que “a misericórdia do Pai é graciosa, espaçosa e preciosa”. Graciosa, pois é concedida sem nenhum mérito de quem a recebe; espaçosa, porque é sem medida e preciosa por ser impossível estabelecer-lhe   um valor.

Zacarias e Izabel geraram São João Batista quando já eram idosos e, além disso, a mãe era   também considerada estéril. Essa situação sinaliza a misericórdia de Deus para com eles. Por isso ele se chamou João, que significa “Deus se mostrou misericordioso”. Essa concepção em circunstâncias especiais é uma mensagem da fecundidade na vida dos que buscam o Senhor, podendo assim superar o desânimo e a tristeza e alegremente festejar. Isso nos autoriza afirmar que a disposição do povo em fazer festa em meio a crises que lhe trazem angústia e sofrimento é um sinal de benevolência e misericórdia divina.

Temos por fim São Pedro, escolhido para pastorear a Igreja fundada na fé por ele testemunhada no próprio Jesus como o Filho e Ungido de Deus (cf. Mt 16, 16-19).  Embora revestido dessa nobre missão, os Evangelhos atestam que, se por um lado, ele se mostra frágil pecador, por outro, dá belos testemunhos de humildade e confiança na imensurável misericórdia do Senhor.  Na quinta-feira santa, confessa-se indigno de ter seus pés lavados por Jesus, entretanto, aceita-o ao ouvir o próprio Senhor (Jo 13, 6-9). Numa das aparições do Ressuscitado, pede-lhe “afasta-te de mim, Senhor, porque eu um pecador” (cf. Lc 5, 2) e, por último, chora amargamente por ter traído seu Mestre amado (Lc 22, 62).

 

Que Santo Antônio, São João e São Pedro nos ajudem a fazer das nossas festas também um louvor ao Senhor, infinitamente misericordioso!

 

Pe. Raimundo Ribeiro Martins, SJC.