Após restauro, sinos da Igreja da Boa Morte são reinaugurados

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O centro histórico de São Paulo, voltou a ouvir o som dos três sinos da bicentenária Igreja Nossa Senhora da Boa Morte, reinaugurados na quinta-feira, 24 de novembro de 2016.
Publicado em: 09/12/2016 - 10:30
Créditos: Fernando Geronazzo – Edição 3130, Jornal O SÃO PAULO, p. 24

O centro histórico de São Paulo, voltou a ouvir o som dos três sinos da bicentenária Igreja Nossa Senhora da Boa Morte, reinaugurados na quinta-feira, 24 de novembro de 2016. Após passarem por uma restauração e automatização, os três sinos foram abençoados em uma missa presidida pelo arcebispo metropolitano, Cardeal Odilo Pedro Scherer.

Localizada na esquina da rua do Carmo com a rua Tabatinguera, a Igreja da Boa Morte, como é popularmente conhecida, foi inaugurada em 1810. Depois de três anos fechado para o restauro, o templo foi reaberto em 2009 e entregue aos cuidados da Comunidade Aliança de Misericórdia.

A reforma da igreja de estilo colonial passou por diversas etapas, desde a remoção e substituição de madeiras que compunham a estrutura do prédio até a recuperação da pintura e das cores originais escondidas por baixo de camadas de tinta, sujeira e cal. Os sinos, porém, não foram restaurados à época.

O restauro dos sinos foi patrocinado pelo Grupo Comolatti, que já promoveu o restauro de outras igrejas na cidade. Os trabalhos foram realizados pela Fábrica de Sinos de Piracicaba e duraram 60 dias. O técnico responsável pela obra, Marcelo Angeli, explicou ao O SÃO PAULO que foi feito um trabalho de restauro e automatização dos três sinos, e revitalização das madeiras que sustentam as peças e a automatização. “Mantivemos os mesmos sinos e a sua estrutura, porque essa igreja é um patrimônio histórico” destacou.

Com a automatização, os sinos irão tocar diariamente em horários diferentes. O vice-reitor da igreja, Padre Paulo Ramos, informou que, num primeiro momento, os sinos tocarão às 12h e às 18h, horários da oração do Ângelus, e às 15h, hora da misericórdia.

 

SINAL NA CIDADE

Já virou uma tradição do Grupo Comolatti patrocinar o restauro de sinos de igrejas em São Paulo. Já são nove anos e nove igrejas que tiveram seus sinos restaurados, entre as quais a Catedral da Sé, que teve o seu carrilhão de 61 sinos, o maior da América Latina, reinaugurado em 2010. “Proporcionar o restauro dos sinos desta igreja nos dá uma  alegria muito grande para que continue viva na cidade a bonita tradição dos sinos”, afirmou Sergio Comolatti, presidente do grupo empresarial.

Ao destacar o valor histórico da igreja, Dom Odilo recordou a história popular de que Dom Pedro I, após proclamar a Independência do Brasil, no Ipiranga, em 1822, ingressou na Vila de São Paulo pela rua do Carmo, ao som das badaladas dos sinos da Igreja da Boa Morte.

Padre Paulo também recordou que os sinos dessa igreja eram o grande meio de comunicação de importantes eventos da cidade, como, por exemplo, para anunciar a chegada dos novos navios do porto de Santos (SP), que sempre traziam alguma novidade da Europa.

O Arcebispo também ressaltou que os sinos das igrejas servem para convidar as pessoas à oração, mas também para lembrá-las da presença de Deus. “Não tocam só por tocar ou para incomodar os vizinhos. Os sinos sempre falam um pouco da voz de Deus, chamando também para uma tomada de consciência sobre o que estamos fazendo do nosso dia, para aonde estamos indo. Também nos ajudam a orientar o dia para Deus”, disse.

O Cardeal também lembrou que, além do valor histórico, a Igreja da Boa Morte realiza uma missão importante na cidade, sendo a única igreja da capital paulista aberta 24 horas, com adoração eucarística perpétua e atendimento contínuo aos pobres, em especial às pessoas em situação de rua, atividade pastoral desenvolvida pela Aliança de Misericórdia.