Até o lixo orgânico, porque reciclar é preciso

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Programa para Reciclagem de Lixo Orgânico
Publicado em: 27/07/2015 - 15:45
Créditos: Edição nº 3061 do Jornal O SÃO PAULO – página 23

“E não se pense que estes esforços são incapazes de mudar o mundo. Estas ações espalham, na sociedade, um bem que frutifica sempre para além do que é possível constatar; provocam, no seio desta terra, um bem que sempre tende a difundir-se, por vezes invisivelmente. Além disso, o exercício destes comportamentos restitui-nos o sentimento da nossa dignidade, leva-nos a uma maior profundidade existencial, permite-nos experimentar que vale a pena a nossa passagem por este mundo” (Laudato Si' 212)

Sempre quando se fala em reciclagem, o que vem a sua cabeça?

Latinha de alumínio, papel, plástico...? Você já parou para pensar que o lixo orgânico que produz em sua casa, também pode ser reciclado?

Sabe aquela casca de banana ou de alguma outra fruta, verdura e legume que por, aparentemente, não ter nenhuma utilidade acaba indo parar no lixo? Então, é esse tipo de material que necessita de um cuidado maior.

Como a reciclagem de lixo orgânico não traz lucro - ao menos não como no caso do alumínio, do papel e do plástico - muitas vezes é esquecido e pouco divulgado. Na maioria das vezes o lixo residencial não é separado, e acaba sendo misturado a outros materiais que, de fato, não podem ser reciclados.

Nessa linha, a prefeitura de São Paulo lançou em 2014 um projeto de incentivo a reciclagem do lixo úmido, o “Composta SP”. O projeto visa a conscientização dos munícipes sobre a compostagem doméstica como forma de “reciclagem de resíduos orgânicos”.

O projeto

Os selecionados participaram de oficinas de compostagem receberam kits com uma composteira, minhocas, manual e acessórios. Após dois meses de prática, foram novamente convidados a participar de oficinas de pequenos plantios urbanos, para aprenderem a utilizar os compostos produzidos. Em seis meses, mais de 250 toneladas de resíduos orgânicos foram compostadas.

De acordo com a Morada da Floresta - uma das entidades parceiras da Prefeitura na realização do projeto -, apenas 47 residências (2,3%) desistiram de participar. Ainda segundo a empresa, 1.535 munícipes responderam às três pesquisas realizadas para avaliar os resultados. Desse total, 97% declararam-se satisfeitos ou muito satisfeitos com a técnica; 98% disseram acreditar que é uma boa solução para o tratamento de resíduos orgânicos da cidade; e 86% afirmaram ser fácil praticar.

Uma senhora recicladora

Aos 81 anos, dona Maria Cecília de Luna, ou apenas Lourdes de Luna - como prefere ser chamada - é uma referência no Jardim das Belezas, bairro da zona sul de São Paulo. Ela foi uma das escolhidas para fazer parte do projeto da Prefeitura de compostagem doméstica.

“Resto de frutas e de verduras, só isso [que põe na composteira]. Casca de ovo e pó de café, também. Não pode por laranja e nem nada com pimenta. Junto em uma vasilha e misturo com serragem, ponho lá e cubro com outra serragem. E esse cuidado é para não entrar mosca nem entrar lava” conta ela sobre o processo de cuidar da composteira. Além disso, o recipiente que recebe os alimentos orgânicos, deve ficar protegido do sol e da chuva.

Dona Lourdes destaca que antes mesmo do projeto de compostagem da Prefeitura, ela já separava o seu lixo entre “seco e úmido”, juntava papel, latas de alumínio, e objetos de plástico e levava para o Centro Educacional Unificado (CEU) próximo a sua residência e depositava em containers. “Separo as coisas e tenho o cuidado de preservar o meio ambiente e se tenho que preservar eu começo pela minha casa”, destacou.

A composteira da dona Lourdes gera adubo para que ela possa cuidar da pequena horta que tem em casa e no CEU, além de poder vender o “chorume” ou adubo liquido - o composto líquido é o excesso de líquido presente nos alimentos, que por sua vez, é rico em nutrientes e sais minerais. Trata-se de um adubo natural, de fácil utilização e fácil absorção pelas plantas. Na horta que tem em casa, dona Lourdes produz couve, coentro, rúcula e outras verduras para seu consumo. Já a horta que mantém no CEU é para um projeto que desenvolveu com as professoras, para ensinar os alunos a cultivarem verduras e legumes e depois preparar alimentos simples, como bolos e saladas, por exemplo.

Edcarlos Bispo
(Com informações da Prefeitura de São Paulo)
Mais informações: www.moradadafloresta.org.br e
www.compostasaopaulo.org.br