Campanha da Fraternidade 2017

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A CF 2017 tem como tema "Biomas brasileiros e defesa da vida" e como lema "Cultivar e guardar a criação" (Gn 2,15)
Publicado em: 17/11/2016 - 08:45
Créditos: Edição 3126, Jornal O SÃO PAULO, p. 5

Mais uma vez a Campanha da Fraternidade da CNBB aborda o tema da preservação e cuidado com o meio ambiente durante o tempo da Quaresma. Em 2017, à preocupação com o equilíbrio geral dos recursos naturais, acrescenta-se o tema mais específico dos “biomas brasileiros”. Como temática de fundo, emerge a “defesa da vida” em todas as suas formas – a biodiversidade.

O lema da CF 2017 – “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2,15) – aponta para a relação entre o ser humano, as demais formas de vida e as próprias coisas. Em vez da dominação, como às vezes transparece, sublinha-se o cuidado. Cuidado que podemos classificar de paterno/materno com tudo aquilo que nos cerca e serve de base para a geração e multiplicação da vida.

Ainda no Livro do Gênesis (Gn 9,8-29), vemos que a aliança entre Deus e o povo de Israel, na figura de Noé, contém duas preocupações que vão na mesma direção. Tendo como símbolo o arco-íris, tal aliança é construída pelo Senhor não somente em favor dos seres humanos. É muito mais ampla e abrangente. Diz textualmente a Escritura: os beneficiários são, por um lado, “todos os seres viventes”, tudo o que se move sobre a face da Terra; e, por outro, “as gerações futuras”.

Duas perspectivas estão em jogo: primeiramente, o respeito, o cuidado e a preservação de todas as espécies de vida, animais e vegetais, bem como os biomas onde elas mergulham as raízes de sua sobrevivência e multiplicação; em segundo lugar, a manutenção e a defesa da vida para os séculos vindouros. Quando uma espécie está ameaçada, a própria vida humana perde qualidade, pois todas as formas viventes se complementam. Daí a necessidade de cultivar e guardar!

Três observações ou três desafios para a CF 2017: De início, cada bioma do ecossistema brasileiro tem suas características próprias. Deve ser preservado enquanto tal para que possa se manter e gerar vida. Mais do que modificá-lo em vista de lucros e produtividade, o desafio é saber conviver com ele; Depois, retoma-se aqui o tema da carta encíclica Laudato Si, do Papa Francisco na qual o Pontífice chama atenção para o “cuidado com a casa comum”; Por fim, a guarda e o cuidado com a casa comum, a criação, depende de todos e de cada pessoa em particular. Responsabilidades distintas e diferenciadas, claro, mas responsabilidade de todos. Existem tarefas que correspondem às organizações internacionais, outras que correspondem aos Estados, outras a determinados governos e grupos, e outras, enfim, a pessoas individuais.

 

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Pe. Alfredo José Gonçalves, CS