Divulgação dos números da pesquisa Ibope foi o principal tema da conversa prévia entre os presidenciáveis

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<p>CNBB realizou um debate com 8 dos 11 candidatos à Presidência, em Aparecida (SP)</p>
Publicado em: 23/09/2014 - 10:30
Créditos: Edição nº 3019 do Jornal O SÃO PAULO – páginas 12 e 13

A menos de 20 dias para as eleições, a CNBB realizou, na terça-feira, 16 de setembro, no centro de exposições Padre Vitor Coelho, em Aparecida (SP), um debate com oito dos 11 candidatos à Presidência da República.

As imagens do debate foram geradas pela TV Aparecida e retransmitidas por um pool de emissoras de inspiração católica, rádios e portais na internet. Logo na chegada dos presidenciáveis, a pergunta mais dirigida a alguns candidatos era sobre a pesquisa Ibope, encomendada pela TV Globo e pelo jornal O Estado de S. Paulo, que apresentou a candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), com 36% das intenções de voto, contra 30% de Marina Silva (PSB).

A pesquisa apresenta, ainda, que no segundo turno, em um hipotético embate entre Dilma e Marina, a candidata do PSB venceria a petista em uma porcentagem de 44% contra 40%, respectivamente.

Os jornalistas não obtiveram, ao menos no início do debate, uma resposta das candidatas. Dilma e Marina passaram direto sem falar com a imprensa. Apenas Rui Falcão, presidente do PT, e Beto Albuquerque, vice da pessebista, aceitaram conversar com os jornalistas.

Com muita dificuldade, pois as condições estabelecidas pela organização do debate para o trabalho dos profissionais de imprensa dificultaram o acesso aos candidatos e seus assessores, os jornalistas ouviram do “cacique petista” que “o segundo turno é uma mera projeção. E nós temos certeza que com duas candidaturas apenas poderemos confrontar nossa proposta mais claramente com a dela e seremos vitoriosos”.

Já Beto Albuquerque salientou que “o cenário está bom” e que os números são mais uma pesquisa, mais um recorte da corrida eleitoral. O vice de Marina destacou que mantém os pés no chão, e mesmo com “esses ataques absurdos que estamos recebendo nos últimos dias, estamos mostrando que temos uma fortaleza na sociedade brasileira”.

O presidenciável Aécio Neves (PSDB) conversou com os jornalistas e destacou que as pesquisas mostram que, de fato, ele foi o único candidato que cresceu nas intenções de votos e que essa reta final será outro momento das eleições.

Edcarlos Bispo
Enviado especial a Aparecida (SP)

Síntese das propostas apresentadas

Aécio Neves (PSDB)

Realizar a reforma do sistema político, adotando a maioria das propostas da CNBB (não se posicionou sobre o funcionamento da campanha); Defesa do voto distrital misto; Fim da reeleição, instituindo mandatos com cinco anos de duração; Não vai propor a alteração a alteração à legislação das uniões homoafetivas; Combater a homofobia e qualquer forma de discriminação; Oferecer bolsa financeira para estudantes de ensino fundamental e médio, a ser sacada ao final dos anos de estudos; Priorizar currículos escolares regionalizados.

Dilma Rousseff (PT)

Realizar a reforma do sistema político nos moldes do que propõe a CNBB (com financiamento público de campanha, equilíbrio na participação de homens e mulheres nas chapas, fim das coligações nas disputas de cargos proporcionais e eleição em dois turnos); Implantar o programa Mais Especialidades, integrando laboratórios e médicos especialistas; Manter a autonomia do Banco Central, mas sem torná-lo independente do Governo; Priorizar a construção de hidroelétricas e investir em fontes de geração complementar, como termoelétricas e usinas de energia eólica e solar.

Eduardo Jorge (PV)

Fim do financiamento privado de campanhas políticas; Defesa do voto distrital; Que o voto não seja obrigatório; Demarcar as 30 terras indígenas que já estão aptas para tal; Promover a educação sexual nas escolas evitar a gravidez precoce e permitir o planejamento familiar; Revogar a lei que criminaliza as mulheres que fazem aborto; Convocar governadores e prefeitos para mapear a situação das famílias que vivem em áreas de risco, assegurando-lhes moradia segura; Promover a ocupação habitacional no centro das principais cidades do País.

José Maria Eymael (PSDC)

Proporcionar igualdade de oportunidades entre as pessoas, com atenção às mais carentes; É contra a legalização das drogas; Fortalecer a atuação das forças armadas nas fronteiras para evitar o tráfico de drogas; Realizar a reforma agrária, fornecendo, além da terra, apoio técnico e equipamento aos agricultores.

Levy Fidelix (PRTB)

Fim do voto obrigatório; Defesa do financiamento público de campanhas eleitorais; É contrário à união homoafetivas (mas não mencionou se fará algo para alterar a legislação atual); promover um modelo de desenvolvimento a partir da produção e não da especulação financeira; Aplicar os recursos do pré-sal como já está previsto em lei; Realizar auditorias nos bancos para averiguar a dívida que a União com eles possui; Manter a autonomia do Banco Central, mas sem torná-lo independente do Governo.

Luciana Genro (PSOL)

Realizar a reforma do sistema político nos moldes do que propõe a CNBB (com financiamento público de campanha, equilíbrio na participação de homens e mulheres nas chapas, fim das coligações nas disputas de cargos proporcionais e eleição em dois turnos). A Candidata revelou que o PSOL, através de seus parlamentares, teve participação efetiva na elaboração do projeto de reforma política da CNBB. Defesa da laicidade do Estado – “As políticas públicas devem estar a salvo das crenças religiosas” – e, portanto, não devem estar diretamente atreladas aos valores das religiões; Defesa das uniões homoafetivas e combate a qualquer forma de discriminação; Reforma tributária, instituindo o imposto sobre as fortunas acima de R$ 50 milhões e mais tributações a ser pagas pelos bancos; Instituição da lei do inquilinato, para melhor controle do preço dos aluguéis.

Marina Silva (PSB)

Realizar a reforma do sistema político nos moldes do que propõe a CNBB (com financiamento público de campanha, equilíbrio na participação de homens e mulheres nas chapas, fim das coligações nas disputas de cargos proporcionais e eleição em dois turnos); Criar um sistema de combate ao tráfico de drogas e armas; Auxiliar os governos estaduais na gestão da segurança pública; Estabelecer parcerias entre os governos e prefeituras, com a participação da iniciativa privada, para solucionar os problemas de saneamento básico; Assentar as 85 mil famílias que aguardam lotes de terra, e a elas fornecer crédito e assessoria técnica para a promoção da agricultura familiar; Destinar 10 % da arrecadação bruta do País para o setor de Saúde; Destinar 10% do PIB para a Educação, valorizando o modelo de ensino em tempo integral; Instituir o passe livre nos transportes públicos para jovens e adolescentes.

Pastor Everaldo (PSC)

Fim do voto obrigatório e das coligações proporcionais; Manutenção do financiamento privado de campanha; Defender a liberdade de imprensa, sem qualquer tipo de marco regulatório na comunicação; Isenção de Imposto de Renda a quem ganha até R$ 5 mil mensais; Reduzir a maioridade penal (não detalhou para que faixa etária); Privatizar presídios; Não legalizar as drogas e o aborto; Defesa do “Estado Mínimo”, através da redução da quantidade de ministérios e da privatização de empresas e autarquias estatais.

Daniel Gomes