Do Brasil a Angola, missão franciscana frutifica há 25 anos

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Missão Franciscana na África
Publicado em: 22/10/2015 - 14:30
Créditos: Edição nº 3073 do Jornal O SÃO PAULO – páginas 21

Aos 86 anos, Fr. Odorico Decker tem viva na memória as lembranças dos primeiros anos do trabalho missionário dos frades da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil em Angola. Era o começo da década 1990, e o país africano ainda vivia a tensão da guerra civil angolana, iniciada em 1975 e que só terminaria em 2002.

"Visitávamos muitas pessoas. Eu andava sempre de hábito franciscano - na rua, na estrada, na cidade. As minhas viagens eram sempre a pé ou de bicicleta para visitar as famílias, os idosos, as pessoas que não podiam sair de casa. Levava o conforto, a Eucaristia e rezava com todos”, recordou o Frei, lembrando-se, ainda, que durante a guerra parte dos templos e das casas mantidas pelos franciscanos foram danificadas.

Fr. Odorico chegou a Angola em 1991 e por lá permaneceu por quase uma década. Os pioneiros no país africano foram os frades Pedro Caron, José Zanchet e Plínio Gande da Silva, que partiram do Brasil para lá em setembro de 1990.

Estes 25 anos da presença dos franciscanos brasileiros em Angola estão sendo recordados, até o fim deste mês, no Convento São Francisco, no centro de São Paulo, em uma exposição fotográfica com imagens do trabalho dos frades junto ao povo angolano, em três das 18 províncias daquele País: Luanda, na cidade de Luanda e em Viana; Malange, no município de mesmo nome; e em Kwanza-Sul, na cidade de Quibala.

"É nesse espírito de celebrar, de agradecer e de também olhar para o futuro da nossa missão, que decidimos e empreendemos essa exposição”, contou, ao O SÃO PAULO, Fr. Gustavo Medella, coordenador da frente de evangelização da comunicação da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil.

FRUTOS DA MISSÃO

A ação missionária dos franciscanos em Angola despertou, ao longo dos anos, interesse pela vida religiosa em muitos jovens angolanos. Atualmente, os franciscanos mantêm naquele País uma casa de formação para os candidatos à vida religiosa, em Malange; outra para os que estão no postulantado, em Quibala; e duas casas para o pós-noviciado, em Luanda e em Viana.

"No nosso processo formativo, duas etapas são realizadas aqui no Brasil pelos angolanos. Eles ingressam primeiro no aspirantado, em Malange, depois são admitidos no postulantado, em Quibala, e o ano do noviciado eles fazem no Brasil, na cidade de Rodeio (SC), junto com os formandos brasileiros. Depois, eles retornam a Angola, fazem os estudos de Filosofia e voltam ao Brasil, na cidade de Petrópolis (RJ), para cursarem Teologia; detalhou Fr. Gustavo, destacando que cerca de cem jovens angolanos estão em formação para se tornarem frades menores.

Fr. Ermelindo Francisco, 28, há cinco anos está no Brasil. Nascido em Angola, ele se encantou pelo trabalho dos franciscanos e decidiu ingressar na congregação.

"O povo angolano teve pronta identificação com os franciscanos, pelo fato de ambos serem formados por pessoas simples. O enraizamento franciscano foi muito profundo. Não existe diferença entre ser franciscano e angolano, pois são iguais na simplicidade, alegria e humildade”, avaliou Ermelindo à reportagem.

SERVIÇO

Exposição fotográfica sobre os 25 anos da presença missionária dos Franciscanos em Angola: Convento São Francisco (largo São Francisco, 133, centro de São Paulo); Visitação diária sempre a partir das 7h, com término às 15h no domingo; às 16h, no sábado; e às 18h nos demais dias. Para mais informações: www.franciscanos.org.br.

Daniel Gomes e Fernando Geronazzo