Igreja é solidária a migrantes e refugiados em São Paulo

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Igreja é solidária a migrantes e refugiados em São Paulo
Publicado em: 10/10/2019 - 10:30
Créditos: Redação

Migrantes e refugiados participam de missa na Paróquia Nossa Senhora da Paz, no domingo, 29 de setembro

Na celebração da 105ª edição do Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, no domingo, 29 de setembro, as escadarias da Catedral da Sé foram ganhando um colorido diferente desde as 10h: migrantes e refugiados exibiam bandeiras de seus países de origem e cartazes em que expressavam gratidão pela acolhida que recebem no Brasil. 

ATENÇÃO DA IGREJA

Motivados pelo tema escolhido pelo Papa Francisco – “Não se trata apenas de migrantes” –, os participantes caminharam da Praça da Sé até a matriz da Paróquia Nossa Senhora da Paz, no bairro do Glicério, sede da Missão Paz, um dos muitos trabalhos que a Igreja mantém em São Paulo para acolhê-los. 

Em entrevista ao O SÃO PAULO, o Padre Paolo Parise, Coordenador da Missão Paz, lembrou que, atualmente, são acolhidas no local 103 pessoas, a maioria venezuelanos, além de angolanos e haitianos. São também oferecidas aulas de português, atendimento médico, jurídico e psicológico, para, em média, 250 pessoas diariamente.

O Sacerdote destacou que o tema deste ano alerta para o perigo de que essas pessoas sejam apenas rotuladas como migrantes e refugiados e se esqueça “de todas as outras dimensões que vão além daquela de estar em situação de refugiado ou de migrante”. 

Desde agosto de 2014, o Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras) vem recebendo migrantes e refugiados de 54 países, oferecendo-lhes alimentação, banho, atividades socioeducativas, em parceria com a Prefeitura de São Paulo. “Inicialmente, a maior dificuldade é a língua, pois muitos não falam português, mas assim que chegam são encaminhados para cursos de português feitos com entidades parceiras e voluntários”, contou Neucicleide Santana da Cruz, assistente social da Casa de Assis, do Sefras. Ela destacou que muitos chegam ao Brasil repletos de esperança, após deixar uma vida de perseguição, guerras e dificuldades sociais nos países de origem.

EM BUSCA DE UM FUTURO MELHOR
“Saí do meu país para procurar oportunidades. Lá estava difícil conseguir trabalho”, relatou à reportagem a angolana Angela David, 28, que está há sete meses no Brasil e hoje vive no Sefras.

Já a venezuelana Raquel Duarte, 19, chegou ao Brasil há oito meses e há dois está em São Paulo. “Eu saí da Venezuela porque lá não há comida, nem remédio, e está muito ruim”, recordou a jovem que veio ao Brasil com os pais e os irmãos.


O haitiano Keder Lafortune, membro do Conselho Municipal de Imigrantes, manifestou gratidão ao povo brasileiro pela acolhida, mas pediu mais celeridade da Justiça no acompanhamento de denúncias de violência e xenofobia cometidas contra os migrantes.

‘Não percam a força, a esperança e a fé’ 

Após a caminhada, migrantes, refugiados e representantes dos grupos que trabalham com pessoas nessa situação na Arquidiocese participaram da missa, presidida por Dom Eduardo Vieira dos Santos, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé. 

O Bispo destacou que o cristão não deve ser insensível à dor e ao sofrimento do irmão, especialmente daquele que deixou a sua pátria por opção ou por necessidade. 

“Que vocês não percam a força, a esperança e a fé”, exortou Dom Eduardo, desejando, ainda, que “em nenhum lugar haja discriminação, preconceito de quem quer que seja, porque o mundo e todas as riquezas que Deus criou, Ele as fez para todos, e não só para uma nação ou um povo”. 

Também na missa, o Padre Antenor João Dalla Vecchia, Diretor da Casa do Migrante da Missão Paz, falou sobre as dificuldades dos migrantes e refugiados no mundo e ressaltou o papel da Igreja para ajudar a mudar esta realidade.

Após a missa, houve um almoço organizado pela comunidade paraguaia, encerrando o dia de atividades.

Reportagem do Jornal O São Paulo, Edição 3268, de 2 a 8 de outubro de 2019.

Foto: Luciney Martins /OSÃOPAULO