Papa confirma medidas que facilitam acesso ao sacramento da Reconciliação

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Carta apostólica Misericordia et misera (Misericórdia e mísera), publicada na segunda-feira, 21 de novembro de 2016.
Publicado em: 09/12/2016 - 10:45
Créditos: Filipe Domingues - Edição 3129, Jornal O SÃO PAULO, p. 11

“O perdão é o sinal mais visível do amor do Pai”, afirmou o Papa Francisco em sua carta apostólica Misericordia et misera (Misericórdia e mísera), publicada na segunda-feira, 21 de novembro de 2016. “Ninguém pode pôr condições à misericórdia. Ela permanece sempre um ato de gratuidade do Pai celeste, um amor incondicional e imerecido”. Por esse motivo, o Pontífice decidiu prorrogar por tempo indeterminado as provisões que criou no jubileu extraordinário.

Os mil sacerdotes que atuam como “missionários da misericórdia”, autorizados a absolver pecados que via de regra só a Sé Apostólica poderia reter, continuarão rodando pelo mundo para confissões. Entre os casos possíveis, que elevam à excomunhão, estão a profanação da Eucaristia, a quebra do sigilo de confissão, a violência contra o Papa e a consagração de bispos sem mandato pontifício, entre outros.

Daqui por diante, o pecado do aborto poderá ser absolvido por qualquer sacerdote católico, “por força de seu ministério” no sacramento da Reconciliação, sempre que encontrar um fiel verdadeiramente arrependido. “Quero repetir com todas as minhas forças que o aborto é um grave pecado, porque coloca fim a uma vida inocente”, ponderou o Pontífice. “Com a mesma força, no entanto, posso e devo afirmar que não existe nenhum pecado que a misericórdia de Deus não possa alcançar e destruir quando encontra um coração arrependido, que pede para se reconciliar com o Pai”.

Além disso, os padres da Fraternidade São Pio X, que se encontram em comunhão parcial com a Igreja Católica, podem continuar atendendo confissões de forma válida. O Papa decidiu dessa forma “para que ninguém venha a faltar o sinal do sacramento da Reconciliação por meio do perdão da Igreja”.

Em resumo, “não há lei nem preceito que possa impedir a Deus de reabraçar o filho que volta a Ele reconhecendo ter errado, mas decidido a recomeçar do início”, escreveu o Bispo de Roma. “Parar somente na lei equivale a frustrar a fé e a misericórdia divina”. Além disso, para celebrar o caráter social do Ano Santo extraordinário da Misericórdia, o Papa Francisco instituiu a Jornada Mundial dos Pobres, que será comemorada por toda a Igreja no 33º Domingo do Tempo Comum de cada ano. O objetivo é “ajudar cada batizado a refletir sobre como a pobreza está no coração do Evangelho”.

 

Filipe Domingues

Especial para O SÃO PAULO na cidade do Vaticano

Fonte: Edição 3129, Jornal O SÃO PAULO, p. 11

Fonte da imagem: http://cleofas.com.br/santa-se-anuncia-carta-apostolica-misericordia-et-...