O Papa é o novo Francisco de Assis

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21/07/2015 - 10:15

O mundo fica, todos os dias, de olhos esbugalhados diante a simplicidade e a mística do Papa Francisco. A sua encíclica que tem uma clara referência a Francisco de Assis, "Laudato Si": é uma obra prima, é uma sinfonia, um cântico de amor, não à natureza em si mesma, mas à natureza como casa do ser humano, preparada por Deus para todos e não para um "grupinho de felizardos", que fechando os olhos para não ver, tentam cada vez mais explorar tudo para ser mais e mais rico.

O Papa levanta a voz contra essa exploração e recorda a todos que não é lícito violentar a natureza, e assim preparar um amanhã sombrio para todos os que vierem depois de nós. Não temos direito de desertificar as florestas, secar os rios, desfrutar os minérios, contaminar a água da qual todos têm necessidade absoluta. Todos os povos da terra têm direito de ter uma "casa" bela, cheia de vida.

Li com muita atenção essa encíclica e confesso que não entendi tudo, mas creio ter compreendido a mensagem que está por detrás de cada palavra: cada um de nós é responsável com a mãe terra, e essa defesa começa no nosso pequeno jardim de casa. A Amazônia, as florestas do Congo estão aí, ao nosso lado, não devemos aniquilar nada, mas tudo defender e cuidar com amor.

Essa encíclica é científica, econômica, política e por isso alguns "magnatas do mundo" não se sentiram bem com ela e disseram que o Papa, a Igreja, não devem se meter na economia, mas falar só de coisas religiosas. Porém, como pode a Igreja se calar quando vê que o mundo, deteriorado, empobrece o ser humano? Por que os seres humanos constroem cidades onde só os ricos podem entrar e os pobres são marginalizados? Quem dá este direito ao homem de excluir os outros e de se sentir dono da terra?

Eu fiquei feliz quando descobri que o Papa Francisco dedica dois números a dois santos do Carmelo: a Santa Teresinha do Menino Jesus e São João da Cruz. São os números 230 e 234. Vamos ler essa encíclica e o que não entendermos deixemo-lo para os inteligentes, mas para nós, pobres de sandálias, que vamos por estradas e desertos, conservemos a mensagem, cuidemos da natureza, toda e integral e do chamado do Papa para que a vida seja melhor. E cantemos com Francisco “Louvado sejas meu Senhor, por nossa mãe terra!”.

Fonte: Edição nº 3060 do Jornal O SÃO PAULO – página 05