Querido Dom Odilo Pedro Scherer, Cardeal Arcebispo da Arquidiocese de São Paulo,
Queridos irmãos no episcopado aqui presentes,
Queridos padres, diáconos, religiosos(as), consagrados(as), queridos familiares e parentes, queridos irmãos e irmãs na fé e irmãos e irmãs de outras Igrejas.
Autoridades civis aqui presentes,

Considero um grande dom do Senhor o chamado ao episcopado, iniciativa gratuita e misteriosa de sua bondade.
Quero responder com generosidade e disponibilidade para servir, pois desejo fazer a vontade de Deus, entregando-me com confiança à iluminação e sustento do Espírito Santo.
Peço o dom de testemunhar Jesus Cristo, o Bom Pastor, expressão do amor e da misericórdia do Pai, anunciando o Reino, promessa de esperança para os pobres, e lavando os pés de seus discípulos. Mais do que fazer coisas, creio que o mais importante de minha missão é justamente anunciar Cristo e seu amor. Foi esta a recomendação do papa Bento XVI, em sua bula de nomeação: “exortamos-te que coloques toda a tua atividade episcopal nas mãos de Cristo, cujas palavras e obras deverás anunciar aos fiéis da Igreja de São Paulo, no Brasil, ajudando diligentemente o Pastor daquela Igreja, confiado na intercessão de São João Bosco”.

Enquanto pensava nesta missão, deparo-me um dia com este comentário de Santo Agostinho na leitura do breviário: “Você me ama? Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,17), que significa: se você me ama, não pense em apascentar a si mesmo, mas apascenta as minhas ovelhas, e apascenta-as como minhas, não como suas. Procura nelas a minha glória, não a sua, o meu domínio, não o seu, o meu proveito, não o seu”.

Sinto-me chamado como missionário na grande cidade de São Paulo. Minhas raízes familiares são de uma pequena comunidade rural do Estado do Espírito Santo, Prosperidade, município de Vargem Alta, diocese de Cachoeiro do Itapemirim. Minhas raízes espirituais e minha formação religiosa e presbiteral são dos salesianos de Dom Bosco. Minha experiência de fé a vivi na Igreja, comunidade de irmãos e irmãs que são presença viva do Senhor Ressuscitado e de seu Reino. E neste sentido creio que não sou um estranho que vem de fora, mas um irmão que se encontrará entre irmãos e irmãs no Senhor.
   
Não pretendo implantar um projeto pessoal, mas entrar na caminhada da Igreja de São Paulo, em comunhão com Dom Odilo Pedro Scherer, cardeal arcebispo; com os outros bispos auxiliares; com os presbíteros a quem devo ouvidos e atenção especiais; com os religiosos e religiosas, consagrados e consagradas, que enriquecem a igreja com seus carismas; com todos os irmãos e irmãs leigos e leigas de nossa Igreja, de modo particular àqueles aos quais servirei mais especificamente na Região Sé; com os irmãos e irmãs de outras Igrejas e crenças, e pessoas, que, mesmo não professando uma religião, comungam os ideais evangélicos de justiça, de solidariedade, de fraternidade; com os jovens, que rejuvenescem a Igreja com suas profecias de futuro, e que a desafiam a ser sempre mais autêntica e evangelicamente aberta.

A Igreja de São Paulo tem uma caminhada centenária, e neste momento se abrem muitas perspectivas pastorais, à luz da Conferência de Aparecida e das novas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, e com a iminência do Ano Santo do apóstolo São Paulo, que nos convocam para uma conversão pastoral, com grande ardor missionário.
Desejo engajar-me nesta caminhada, para testemunhar que “Jesus Cristo habitou entre nós”, e que Ele é a vida plena que as pessoas buscam com ansiedade. Com a igreja, desejo estar unido a todas as outras Igrejas, a tantas instituições, movimentos, organismos e grupos que trabalham nesta cidade para torná-la mais humana e solidária.

Agradeço à Igreja de São Paulo pela acolhida fraterna, pela participação e acompanhamento em minha ordenação episcopal, e hoje nesta celebração de posse como Bispo Auxiliar nesta Arquidiocese e como Vigário Episcopal da Região Sé. Agradeço particularmente a Dom Odilo Pedro Scherer, que me recebeu como irmão, e que foi instrumento do Senhor para a minha consagração episcopal. Agradeço aos meus familiares e a tantos amigos e amigas que vieram invocar o Espírito do Senhor para esta missão tão empenhativa.

Falando já em nome da Região Sé, agradeço a Dom Manuel Parrado Carral, que me precedeu nesta região, e ao Cônego Sérgio Conrado por seu serviço como Vigário Episcopal após a saída de Dom Manuel, ao pessoal da Cúria Central e da Cúria da Região Sé pelos trabalhos e mobilização em torno de minha ordenação, de minha recepção, e a todos que estiveram envolvidos com esta celebração de hoje.

Confio meu ministério a Maria, serva fiel, que disse o seu “sim” na certeza que “para Deus nada é impossível”. Iniciar este novo ministério neste mês de maio é mais um motivo de inspiração e de esperança.

Dom Tarcísio Scaramussa
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo
Vigário Episcopal da Região Sé

São Paulo, 03 de maio de 2008

Publicamos, a seguir, homenagem da Região Episcopal Sé a Dom Tarcísio
com as crianças do Centro Comunitário da Criança e do Adolescente 
e cumprimentos dos fiéis e familiares