Há 93 anos, Liga Solidária transforma vidas por meio da educação

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A ONG conhecida como Liga das Senhoras Católicas atende mensalmente 10 mil pessoas em situação de vulnerabilidade social
Publicado em: 02/06/2016 - 12:30
Créditos: Jornal O SÃO PAULO - edição 3104
Por Renata Moraes
 
Fundada em 1923 por Dom Duarte Leopoldo e Silva, primeiro arcebispo de São Paulo, a Liga Solidária, popularmente conhecida como Liga das Senhoras Católicas, é uma organização sem fins lucrativos que conta atualmente com dez programas socioeducativos que atendem 10 mil pessoas em situação de vulnerabilidade social, de diferentes idades. 
 
“A Liga nasceu por um grupo de senhoras católicas convidadas pelo arcebispo da época, Dom Duarte Leopoldo, a criarem uma entidade que pudesse ajudar nas demandas sociais daquele tempo, na região do Butantã, local onde ganharam um terreno de doação, no KM 14 do Distrito de Raposo Tavares, onde hoje está localizado o Educandário Dom Duarte”, afirmou, em entrevista ao O SÃO PAULO, Ana Carolina Monteiro Barros Matarazzo, 49, mais conhecida como Carola, presidente da Liga Solidária desde 2012.
 
A ONG, que em 2008 foi considerada uma das dez mais eficientes de São Paulo pela revista Veja São Paulo, tem 90% de seus programas realizados no Complexo Educacional Educandário Dom Duarte (EDD), na região do Butantã, onde o nível de vulnerabilidade social é alto. O distrito é formado por uma população de 100,7 mil moradores de 28 bairros (conforme dados do relatório de 2015 da Instituição). Desse total, 26,5 mil são jovens de 15 a 30 anos. A taxa de mortalidade dessa faixa etária da população é de 96,26 por 100 mil habitantes.
 
“Quando incluímos um jovem de 15 anos, por exemplo, em um curso de capacitação profissional e proporcionamos uma rotina produtiva, diminuímos as chances de que ele participe das situações de risco presentes na comunidade em que atuamos”, comentou Carola, lembrando, ainda, que há ações em algumas creches no Rio Pequeno e no Jardim Rosa Maria, na zona Oeste, e na Cidade Monções e Saúde, na zona Sul. 
 
Solidariedade com todas as idades
 
A missão da Liga Solidária é contribuir com as ações socioeducativas para conscientizar crianças, jovens e adultos de sua dignidade e do seu potencial transformador. A Instituição mantém um abrigo que acolhe crianças e jovens de 0 a 18 anos em situação de risco social, como órfãos e vítimas de violência ou crianças e adolescentes que por algum motivo necessitam ficar temporariamente longe da família, e que são encaminhadas pela Vara da Infância e da Juventude. 
 
“Atendemos 480 crianças e adolescentes de 6 a 14 anos no contraturno escolar, manhã e tarde, que participam de oficinas e atividades de cultura, leitura, esporte, culinária, informática, teatro, ateliê de artes visuais, dança e música”, afirmou Carola.
Também são oferecidas aulas de alfabetização para adultos, qualificação profissional para maiores de 15 anos, com cursos de Assistente Administrativo, Cabelereiro e Manicure, Gastronomia e Suporte Técnico em Informática. 
 
Para os idosos, há um centro de convivência e inclusão social da 3ª idade, com oficinas de ginástica, fisioterapia preventiva, artesanato e eventos culturais. A Liga também oferece programa de prevenção à violência doméstica e violência sexual, programa nutricional e o programa de atendimento psicossocial, além de orientação jurídica às famílias. Há, ainda, o programa “Primeira Infância”, que atende 1.300 crianças (de 0 a 3 anos de idade em período integral), divididas em nove centros de educação infantil; e ações de práticas esportivas, que beneficiam 192 crianças.
 
Uma obra de misericórdia
 
Para proporcionar tantas ações a quem mais precisa, a Liga Solidária conta com 1.139 funcionários (entre as entidades mantenedoras e assistidas) e mais de 300 voluntários.
“Somos um grande transatlântico que está em direção do trabalho de amar o próximo, diminuir a desigualdade social da cidade, trabalho de ajudar na qualidade de vida das pessoas, alinhado aos princípios e propósitos de nossas fundadoras”, comentou Carola.
 
Todos os membros da diretoria, do conselho executivo e do conselho fiscal são voluntários. Carola, por exemplo, está há 17 anos engajada na Instituição. No começo, ela fazia a gestão de um projeto social no Educandário e foi se apaixonando pela causa. “Eu já tinha dentro de mim um propósito muito forte em trabalhar pelo bem do próximo. Faz parte da minha espiritualidade e da minha formação religiosa”, afirmou Carola, que é administradora de empresas, casada e mãe de três filhos. 
 
Para manter as atividades, a Liga Solidária conta com diferentes frentes de captação de recursos, por meio de doações, convênios com a Prefeitura de São Paulo e o Governo do Estado, parcerias com empresas privadas e unidades mantenedoras. 
“As unidades mantenedoras constituem uma estrutura interna geradora de receitas próprias, sendo dois lares de idosos, dois colégios particulares, uma academia para idosos, uma casa de hospedagem para mulheres, além de aluguéis de imóveis e salas”, detalhou Carola.
 
Ainda segundo a Presidente da Liga Solidária, a sustentabilidade dos trabalhos nestes 93 anos deve-se ao profissionalismo, à busca de modernidade e eficiência, à transparência e ao sistema de governança profissional. 
“Pessoas altamente indignadas pela desigualdade social, que se sentem motivadas em fazer o bem ao próximo e em transformar a vida do outro. Nossa missão é despertar as pessoas para o que elas têm de melhor”, encerrou.
Liga Solidária