Bispos do Brasil adotam metodologia sinodal para discernir sobre a ação evangelizadora da Igreja

A A
O episcopado brasileiro está reunido em Aparecida (SP) para a 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
Publicado em: 10/04/2024 - 14:30
Créditos: Redação

O episcopado brasileiro está reunido em Aparecida (SP) para a 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (AG CNBB), com início na manhã da quarta-feira, 10.

O evento, que acontece no Centro de Convenções Padre Vítor Coelho de Almeida do Santuário Nacional de Aparecida com 27 sessões até o dia 19, tem como tema central “A realidade da Igreja no Brasil e a atualização de suas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora (DGAE)”. Também são temas prioritários o Sínodo dos Bispos (2021-2024), o Jubileu 2025 e questões relacionadas à Juventude e assuntos a serem tratados em razão da previsão estatutária da Conferência (Doutrina da Fé, Liturgia, Relatório do anual da presidência, relatório econômico, Textos Litúrgicos) e outros temas e informes diversos sobre a vida da Igreja Católica no Brasil.

Esta edição da Assembleia Geral será marcada pela celebração dos 60 anos da realização da Campanha da Fraternidade em todo Brasil.

‘CONVERSA NO ESPÍRITO’

Este ano, durante a reflexão do tema central, será adotada pela primeira vez na Assembleia Geral a metodologia do discernimento comunitário já experimentada no processo do Sínodo sobre a Igreja sinodal, conhecida como “Conversa no Espírito”.

Os passos da “Conversa no Espírito” foram utilizados na etapa continental e, também, pelos padres sinodais na primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos que ocorreu em outubro de 2023 em Roma.

Segundo o Padre Jânison de Sá Santos, Subsecretário Pastoral da CNBB, trata-se de um instrumento para animar o discernimento comunitário conduzido pela ação do Espírito Santo.

“O próprio Papa Francisco disse que na Conversa no Espírito encontramos um caminho de participação, voltado para a comunhão e renovação da missão, que acolhe em unidade as diferenças na Igreja, encontrando o caminho sempre à luz do que inspira o Espírito”, destacou o Sacerdote ao portal da CNBB.

Durante a reflexão do Instrumento de Trabalho sobre as DGAE, os bispos serão distribuídos em 45 mesas sinodais, organizadas como pequenas comunidades, sendo aproximadamente dez prelados em cada uma delas. Cada mesa terá a presença de um bispo facilitador que conduzirá a vivência da experiência da “Conversa no Espírito” entre os participantes.

O método prevê três rodadas precedidas sempre por um momento de oração e silêncio. Na primeira, todos partilham seus pensamentos e sentimentos em relação à questão apresentada. O convite é para focar na escuta do outro. Na segunda, também precedida por um momento de silêncio e oração, cada um fala sobre o que mais chamou atenção acerca do que foi falado e a partir da escuta feita; por fim, na terceira, identificam-se os pontos-chave e constrói-se um consenso acerca do que surgiu a partir do discernimento em grupo iluminado pelo Espírito.

OUTROS TEMAS

Outros temas e informes diversos constam da programação da assembleia dos bispos são a análise de conjuntura social e eclesial; gestão; inteligência artificial; Conselho Episcopal Latino Americano e Caribenho (CELAM); Comissão Comunhão e Partilha; Pontifício Colégio Pio Brasileiro; Comissão Episcopal para Ação Missionária e Cooperação Intereclesial e o projeto Igrejas Irmãs; Ministérios Laicais; Estatuto e Regimento da CNBB; Comissão para a Causa dos Santos; Comissão Especial para a Amazônia; Congresso Missionário Nacional; Acordo Brasil-Santa Sé; COP 30; Comissão Especial para os Bispos Eméritos; Eleições Municipais; Campanhas e Organismos do Povo de Deus.

A Assembleia também contará com a presença do Bispo de Dori, em Burkina Faso, Dom Laurent Dabiré, que dará testemunho sobre a realidade da Igreja em seu país.

Ao longo do encontro serão emitidas quatro mensagens: ao Papa, ao Prefeito do Dicastério para os Bispos, ao povo brasileiro e ao povo católico.

RETIRO ESPIRITUAL

Diferentemente das edições anteriores, o retiro dos bispos será logo nos dois primeiros dias da Assembleia, 10 e 11, tendo como pregador o Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano.

Todos os dias, no Santuário Nacional, às 7h, os bispos participarão das missas da assembleia, transmitida pelas principais tevês católicas e mídias digitais. Haverá também uma celebração penitencial na quinta-feira, 11, e um ato inter-religioso no dia 17.

ASSEMBLEIA GERAL

Segundo o Estatuto Canônico da CNBB, a Assembleia Geral, órgão supremo da Conferência, é a expressão e a realização maior do afeto colegial, da comunhão e da corresponsabilidade dos Pastores da Igreja no Brasil” com a finalidade de realizar os “objetivos da CNBB, para o bem do povo de Deus” (cf. parágrafo único do artigo 11). Reúne-se ordinariamente, CNBB uma vez por ano e, extraordinariamente, quando, para fim determinado e urgente, sua convocação for requerida.

“A Assembleia Geral tratará de assuntos pastorais, de ordem espiritual e de ordem temporal, daqueles relativos à missão da Igreja e dos problemas emergentes referentes às pessoas e à sociedade, sempre na perspectiva da evangelização” (Estatuto, artigo 13).

Participam os cardeais, os arcebispos, os bispos diocesanos, auxiliares e coadjutores, além dos bispos eméritos, administradores diocesanos e representantes de organismos e pastorais da Igreja, que são convidados.

A CNBB

Considerada a terceira conferência episcopal do mundo reconhecida pela Santa Sé, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) foi fundada em 14 de outubro de 1952, no Rio de Janeiro, ou seja, dez anos antes do Concílio Vaticano II. 

De acordo com dados divulgados pela CNBB, atualmente, a Igreja no Brasil conta com 486 bispos, dos quais 318 estão no exercício do governo pastoral de alguma Igreja Particular e outros 168 são bispos eméritos, isto é, aqueles que, conforme o Código de Direito Canônico, deixam o ofício por limite de idade ou por renúncia aceita pelo Papa.

No País, existem 279 circunscrições eclesiásticas, ou seja, territórios ou “Igrejas particulares” confiadas aos cuidados de um bispo. A circunscrição eclesiástica pode ser uma prelazia, uma diocese, arquidiocese, eparquia ou exarcado para fiéis de ritos específicos, e, também, circunscrições que não têm uma limitação territorial, como a administração apostólica pessoal.

(Com informações da CNBB)