Arsenal da Esperança e a locomotiva do Carnaval

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Desfile de carnaval do Batuca-Bresser, bloco de rua que surgiu a partir do projeto da “Praça”, mantido pelo Arsenal da Esperança
Publicado em: 09/02/2018 - 11:00
Créditos: Redação

Luciney Martins/O SÃO PAULO

O bairro do Bresser ficou mais alegre e colorido na tarde do sábado, 3. Uma verdadeira comitiva da alegria passou pelas ruas no entorno da sede do Arsenal da Esperança, com o bloco: “Batuca -Bresser – o meu bloco de rua – Maria Esperança, a locomotiva do carnaval – movida a bondade, mais rápida que a maldade”.

A ideia foi usar a imagem da locomotiva, conhecida como Maria Fumaça, para resignificar o momento que o bairro vive, com muitos desafios, mas também com esperança de melhora. “A Maria Fumaça trazia os imigrantes para a antiga hospedaria [complexo que abriga o Museu da Imigração do Estado de São Paulo e o Arsenal da Esperança] e nós a transformamos em Maria Esperança, pois a ideia é dizer que este, historicamente, foi um bairro acolhedor. Queremos que ele continue sendo acolhedor, a partir de nós, mesmo com os problemas de hoje”, disse, em entrevista ao O SÃO PAULO , o Padre Simone Bernardi, do Arsenal.

Uma das características marcantes do Batuca-Bresser é justamente a integração entre as pessoas. Estudantes da Universidade Anhembi Morumbi, moradores do bairro, famílias que estão em ocupações nos bairros próximos, pessoas em situação de rua acolhidas no Arsenal, profissionais de diferentes áreas, paroquianos da Paróquia Nossa Senhora Aparecida dos Ferroviários e da Nossa Senhora de Casaluce, religiosos e voluntários, todos participaram do bloco de rua que, além de contar com o carro alegórico, caprichou na letra das marchinhas e nas coreografias das músicas – adaptadas a partir de marchinhas de carnaval já conhecidas.

“A ideia é fazer com que todos se sintam parte do bairro, e não cada um no seu próprio quadrado, com medo do outro. Esse é um bloco que acontece bem antes e continua depois, ou seja, não é só um desfile. A gente aprende a desfilar no dia a dia, a se ajudar, a olhar para o outro”, continuou o Padre, que informou também sobre a colaboração de acolhidos do Arsenal para a preparação do evento. “O responsável pela idealização e construção do carro alegórico foi José Luiz Bispo, que trabalhou com carnavalescos das escolas de samba do Rio de Janeiro. Ele foi acolhido na casa e agora vive autonomamente”, explicou Padre Simone. 

Aysha Nascimento, 32, é professora de dança no Arsenal da Esperança e está no 7º semestre de dança na Anhembi Morumbi. “Foi uma experiência maravilhosa, a de acreditar num sonho e de conseguir realizá-lo”, disse Aysha, que, durante o desfile, ajudou a segurar uma grande bandeira rosa de 10m por 5m, na qual estava escrito “A bondade desarma”, idealizada e costurada por mulheres moradoras do Bairro. 

Mestre sala e porta-bandeira também tiveram vez no desfile do Batuca-Bresser. Karen Rahatsuga e Jorge Damião Oliveira ensaiaram cerca de duas semanas antes do desfile, orientados por uma coreógrafa. Para Karen, é a terceira vez como porta-bandeira da Escola. Ela participa da Paróquia Nossa Senhora Aparecida dos Ferroviários e mora no bairro há 7 anos. Jorge mora em Taipas e já desfilou na escola do Império de Casa Verde. Para o Batuca-Bresser, ele veio a convite de Karen. Atualmente, Jorge trabalha como imprensa no Carnaval de São Paulo e é o criador da Página no Facebook “Recordar é Viver”. 

“O Bloco surgiu com o projeto da Praça, que é formado por um grupo de jovens do Arsenal. O intuito é mostrar que é possível se divertir sem bebida ou drogas, sem exageros. Que, com amor, você também se diverte muito. Outro objetivo do bloco é tirar as pessoas de casa, para que se conheçam, pois muitas vezes não sabemos nem o nome de quem mora do nosso lado”, disse a Jovem.

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