Congresso em São Paulo discute sobre educação católica no século XXI

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24º Congresso Interamericano de Educação Católica reuniu cerca de 800 pessoas entre educadores e representantes de instituições de ensino
Publicado em: 15/01/2016 - 17:15
Créditos: Redação

Por Fernando Geronazzo

Educadores, sacerdotes, bispos e representantes de instituições de ensino católicas da América participaram, em São Paulo, do 24º Congresso Interamericano de Educação Católica. Realizado no Colégio São Luiz entre os dias 13 e 15, e teve como tema o papel da escola católica no século XXI.

O evento foi organizado pela Confederação Interamericana de Educação Católica (CIEC) em parceria com a Associação Nacional de Educação Católica (ANEC) e contou com a presença do presidente da Comissão de Cultura Educação do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM) e arcebispo de Assunção (Paraguai), Edmundo Valenzuela, do presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura de Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom João Justino de Medeiros Silva, além de especialistas da área. Entre as autoridades civis, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, participou da cerimônia de abertura do evento.

O Congresso foi aberto com uma missa presidida pelo arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, que acolheu os cerca de 800 participantes e destacou que a capital paulista tem sua origem ligada à educação católica, com um colégio erguido pelos missionário jesuítas. “Entre eles, havia um jovem educador, que se destacou por seu grande amor aos educandos e sua criatividade pedagógica, motivado pela preocupação com a formação humana e religiosa dos seus educandos. Esse jovem missionário foi José de Anchieta: São José de Anchieta, recentemente canonizado pelo Papa Francisco. Aqui, e em outras partes do Brasil, a ação evangelizadora da Igreja foi unida, desde o início, a uma intensa ação educativa”, afirmou, ha homilia.

De acordo com a secretaria Geral da CIEC, Irmã Alba Arreaga Rivas, o congresso se propôs estabelecer linhas de ação para redefinir o papel da escola católica no século XXI, respondendo aos desafios que a realidade do continente apresenta. “Que sonhos queremos construir? Que horizontes desejamos alcançar? Que caminhos pretendemos recorrer?  Quais pessoas as aspiramos educar?  E que riscos estamos dispostos a correr? “, indagou a religiosa. “A escola católica tem que colocar em atitude missionária e perguntar-se sobre a coerência de sua identidade a autenticidade de sua vida e ação, no sentido evangelizador de sua pastoral, a qualidade de seu ardor missionário e do testemunho de vida que está chamada a dar”, acrescentou.

Dom Odilo recordou que o Papa Francisco está convidando novamente a Igreja inteira a ser missionária e “em saída”, a colocar-se no meio do povo, das aldeias, das cidades, “como fez Jesus, para compartilhar com humildade a riqueza e a alegria da sua mensagem”. “Por meio da educação, a Igreja precisa e quer participar da edificação da sociedade e da cultura, sempre em mudança, inserindo-se nos ambientes humanos e culturais novos, talvez desafiadores, que também precisam receber a Boa Nova do reino de Deus. Sem esquecer que os primeiros destinatários da Boa Nova são os pobres, os desvalidos e os excluídos da sociedade opulenta”, completou.

O Cardeal Scherer também afirmou que a educação católica tem parte importante no processo evangelizador e educativo e participa na missão da Igreja de maneira singular. “A condição necessária para que a Educação Católica dê uma contribuição própria e válida à sociedade e à cultura é a fidelidade e a coerência com sua identidade. Sem essa identidade ‘católica’, faltar-lhe-ia a contribuição específica para a edificação da cultura e a sociedade plural”, disse.

O Ministro Mercadante ressaltou que a história do Brasil como nação está “absolutamente marcada pela presença da Igreja Católica”. “Durante muitos séculos, os Estado brasileiro não elegeu a educação pública como uma grande prioridade. E nesse período, quem sustentou o processo de educação e formação do povo brasileiro foi a Igreja, que desde o primeiro momento, sempre teve uma sala de aula no nosso país”, lembrou, agradecendo às escolas católicas fizeram pelo País e pelo povo brasileiro nesses mais de 500 anos. “Não seriamos o que somos sem esse compromisso de fé, essa dedicação, essa vocação para a educação que a Igreja tem e continua sendo muito importante”. 

De acordo com o presidente da ANEC, Irmão Paulo Fossatti, o Brasil conta atualmente com 2 milhões e meio de estudantes em escolas católicas. São 450 mantenedoras, 2 mil escolas, 143 instituições de ensino superior, incontáveis obras sociais, mais de 500 municípios com presença de escolas católicas com mais de 100 mil professores e funcionários.

Mensagem do Papa

A surpresa do evento ficou por conta de uma vídeo-mensagem gravada pelo Papa Francisco para os participantes do evento.

“Eu os agradeço pelo o que fazem pela educação; é provavelmente um dos maiores desafios. Vocês sabem que o pacto educativo está quebrado. Vocês sabem que a educação em um mundo no qual, ao centro da organização mundial, não está o homem, e sim o medo. Em um mundo assim, é cada vez mais elitista a educação – e até diria nominalista – no sentido de dar a ela conteúdo de noções; de maneira que não completa o ser humano, pois a pessoa, para sentir-se pessoa, tem que sentir, tem que pensar, tem que fazer...essas três linguagens tão simples: a linguagem da mente, a do coração e a das mãos”, disse o Pontífice.

“É preciso abrir o plano da educação em direção à cultura do encontro. Que os jovens se encontrem entre eles, saibam sentir, saibam trabalhar juntos. Seja da religião que for, seja da etnia que for, da cultura que for...mas juntos pela humanidade”, acrescentou Francisco.

Veja a íntegra da mensagem