O venerável José Marchetti é um exemplo de padre e missionário

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Cardeal Scherer presidiu uma missa em comemoração aos 120 anos de morte do venerável Padre José Marchetti
Publicado em: 13/12/2016 - 14:30
Créditos: Rosinha Martins

"O venerável José Marchetti é um exemplo de padre e missionário", a afirmação é do Arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer. Ele presidiu a missa  em comemoração aos 120 anos de morte do venerável Padre José Marchetti, missionário scalabriniano e co-fundador da Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo-Scalabrinianas.

A missa foi realizada na Paróquia São João Batista, no Instituto Cristóvão Colombo no Alto do Ipiranga, na manhã do sábado, 10 e contou com a presença de padres diocesanos e scalabrinianos, Irmãs, Leigos, jovens e crianças devotos do venerável.

Ao se referir ao Evangelho do dia, Dom Odilo lembrou aos fiéis devotos do venerável padre José que, ‘como João Batista que atuou no seu tempo, atento aos apelos de Deus, e fez o que tinha que fazer, igualmente o fez padre José Marchetti’. “Homem de Deus, com uma vida tão breve, marcou a história da Igreja de São Paulo com seu exemplo e dedicação. Será que nós, hoje, estamos fazendo o que temos que fazer, assim como João Batista e padre José?”, questionou.

Em entrevista exclusiva para a assessoria de imprensa scalabriniana, Dom Odilo falou sobre o significado da vida, obra e exemplo de Padre José para a Igreja de São Paulo. "O Servo de Deus, venerável padre José Marchetti é um padre jovem que dedicou a sua vida e em pouco tempo fez muito pela Igreja, pelos órfãos e pelos imigrantes”.

Para dom Odilo,  Marchetti ‘é  um exemplo de um padre, de um missionário que dedicou a sua vida inteiramente à missão, sem reservas. Deus o levou, mas ele marcou o seu tempo e continua marcando o nosso tempo’. Padre José é, para dom Odilo, exemplo e inspiração para os novos padres e religiosos desse tempo. "Ele é exemplo de que  vale a pena dedicar a sua vida à Igreja, ao Reino de Deus e à caridade em nome de Jesus Cristo”.

Questionado sobre sua grande devoção ao padre José Marchetti e à Bem-aventurada Assunta Marchetti, o cardeal justificou. "Como arcebispo de São Paulo não poderia ser diferente. Eles nasceram na Itália, mas deram suas vidas pelo povo de Deus como missionários aqui. Eles são da Igreja de São Paulo e isso nos alegra muito", disse em tom de satisfação.

Dom Odilo se dirigiu em primeiro lugar às crianças do projeto Conviver da Casa Madre Assunta que abrilhantaram a missa com o coral. “Padre José Marchetti estaria muito contente se estivesse aqui presente vendo vocês cantarem na missa, não acham?”

Um dos pequenos cantores do projeto, Cristiano S. Petre,10, revelou o significado da música para a sua vida. “Cantar para mim é uma oração porque a gente fala de Deus, de Madre Assunta, do padre José Marchetti. Ele contou ainda que adora conviver na casa Madre Assunta. “A gente estuda, reza na capela e vai para o corredor vermelho. O corredor vermelho é o lugar que a gente brinca, por isso a gente adora ir pra lá".

“Ele buscava respostas para os problemas da imigração. Hoje, padre José Marchetti é o exemplo de como receber os imigrantes. Era um missionário muito criativo, atento às necessidades do outro. Se o imigrante precisava de alimentação, ele procurava suprir essa necessidade, se era casa, saúde, educação, ele buscava soluções: fez cursos de capacitação, criou marcenarias, alfaiataria, banda...”, relatou a responsável pelo apostolado junto aos imigrantes, em São Paulo, a scalabriniana, Irmã Janete Ferreira.

Ainda, segundo Irmã Janete, “essas respostas criativas do venerável padre José,  iluminam muito o nosso trabalho, hoje, junto aos imigrantes. Temos que ser criativas em nossas respostas”.

O teólogo, historiador, sociólogo, assessor de Comunidades Eclesiais de Base e animador da Leitura Popular da Bíblia, no Brasil, padre José Oscar Beozzo, contextualizou o período no qual viveu padre José Marchetti e mostra a influência que pode e deve ter a sua vida, sua obra e sua missão para a Igreja e a sociedade de hoje. “O Brasil estava vivendo uma mudança fundamental, saindo do regime dos 350 anos de trabalho escravo e começa a fase da exploração dos imigrantes, que tinha aspectos semelhantes ao da escravidão anterior e poucas pessoas estavam atentas a essa tragédia” relata.

Ainda, de acordo com o historiador, “20 anos antes, São Paulo tinha uma população de 30 mil habitantes e no período de padre José Marchetti, com a imigração, este número se eleva para 200 mil. “Nesse momento Marchetti se via com centenas de crianças abandonadas nas ruas. Ele colheu as mazelas do sistema novo de trabalho e da urbanização desenfreada de São Paulo e olhou para os que eram vítimas e, não só os olhou, mas correu para dar uma solução e isso é muito importante, ou seja, compreender as dimensões desumanas do sistema e dar uma resposta".

(Fonte: Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo Scalabrinianas)