Papa: a caridade não se faz com o supérfluo

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Na oração mariana deste domingo, Francisco também falou sobre o vazamento de documentos confidenciais do Vaticano
Publicado em: 09/11/2015 - 08:45
Créditos: Redação com Rádio Vaticano

“Há doenças cardíacas que fazem aproximar o bolso, a carteira ao coração”. O Papa Francisco no Angelus deste domingo comentou com essa imagem a mensagem da oferta da viúva, que convida não só a dar o supérfluo aos pobres, mas também o que nos custa verdadeiramente dar, narrada pelo Evangelho deste domingo. Neste contexto, o Pontífice contou um episódio sobre uma família de Buenos Aires, cidade, que definiu a sua diocese anterior.

“Uma mãe e seus três filhos, enquanto que o pai estava no trabalho, se colocaram à mesa diante de bifes à milanesa. Batem à porta e mamãe pergunta quem é? A criança que tinha ido abrir a porta responde que havia um mendigo que pede algo para comer. E a mãe, que era uma boa cristã, pega uma faca e diz às crianças: ‘O que vamos fazer? Vamos dar metade de cada bife'. 'Não mãe, não assim'! Pegue da geladeira”, respondem as crianças. ‘Não, vamos fazer três sanduíches’, responde a mãe. E as crianças aprenderam. A verdadeira caridade se faz assim. Estou certo de que naquela tarde elas tiveram um pouco de fome. Devemos nos privar de algo como essas crianças se privaram da metade do bife”.

“Jesus diz também a nós que o critério de julgamento e não é a quantidade, mas a plenitude; há uma diferença entre quantidade e plenitude. Você pode ter tanto dinheiro, mas ser vazio, não há plenitude no seu coração. Não é questão de carteira, mas de coração. Amar a Deus ‘com todo o coração’ significa confiar n'Ele, na sua providência, e servi-Lo nos nossos irmãos mais pobres sem esperar nada em troca”, explicou

“Diante das necessidades dos outros, somos chamados a nos privar de algo essencial, não apenas do supérfluo; somos chamados a dar o tempo necessário, não só aquilo que avança; somos chamados a dar imediatamente e sem reserva alguns de nossos talentos, e não depois de tê-los usados para nossas finalidades pessoais ou de grupo”, completou o Pontífice

As reformas no Vaticano vão continuar

Após a oração, o Santo Padre falou sobre as recentes notícias a respeito de documentos reservados da Santa Sé que foram subtraídos e publicados. “Gostaria de lhes dizer, antes de tudo, que roubar esses documentos é um crime. É um ato deplorável que não ajuda. Eu mesmo tinha pedido para fazer esse estudo, e esses documentos eu e os meus colaboradores já os conhecíamos bem, e foram tomadas as medidas que começaram a dar frutos, até mesmo alguns visíveis”, afirmou.

Francisco assegurou os fiéis que “este triste fato não me distrai certamente do trabalho de reforma que estamos realizando com os meus colaboradores e com o apoio de todos vocês”. O Papa reiterou ainda, que conta com o apoio de todos os católicos, “porque a Igreja se renova através da oração e da santidade de todo batizado”.

“Portanto, agradeço a vocês e peço que continuem a rezar pelo Papa e pela Igreja, sem se deixarem turbar, mas indo para a frente com confiança e esperança”, acrescentou.