Papa visita a Toscana

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Em sua 10ª viagem pastoral na Itália, Francisco visita, nesta terça-feira, as cidades de Prato e Florença
Publicado em: 10/11/2015 - 08:15
Créditos: Redação com Rádio Vaticano

O Papa Francisco realiza nesta terça-feira, 10, sua 10ª visita pastoral na Itália, desta vez tendo como destino as cidades de Prato e Florença, na Toscana.

O Santo Padre chegou por volta das 7h45 locais à Prato, considerada a cidade “mais chinesa” da Itália, e uma das mais multiculturais da Europa. Cerca de 30 mil vieram de localidades vizinhas e desde às 6h, a cidade estava tomada.

Prato tem 191 mil habitantes, dos quais 34.600 (18,12%) são estrangeiros. A maior parte, 16 mil, são chineses; e outras grandes comunidades são formadas por albaneses, romenos, paquistaneses e marroquinos. A indústria têxtil é o motor dessa sociedade.

Antes de proferir seu discurso, o Papa entrou na Basílica para venerar o ‘Santo Cinto’, relíquia que, de acordo com uma lenda medieval, teria sido lançada do céu pela Virgem Maria a São Tomé durante a Assunção. A relíquia é um pedaço de tecido de lã verde, com cerca de 90 centímetros, tendo em suas extremidades pequenas cordas para amarrá-lo. O Santo Cinto é exposto à veneração pública cinco vezes ao ano: na Páscoa, nos dias 1º de maio, 15 de agosto, 8 de dezembro e no Natal

A 'cidade de Maria'

Foi a partir do valor simbólico da relíquia que Francisco iniciou seu discurso no púlpito localizado no lado externo da Basílica. O primeiro pensamento leva ao caminho de salvação empreendido pelo povo de Israel, da escravidão do Egito à terra prometida. Antes de libertá-lo, o Senhor pediu para celebrar a ceia pascal e comê-la “com os rins cingidos”: cerrar as vestes significa estar prontos, preparar-se para partir, para colocar-se em caminho.

“É este o convite do Senhor ainda hoje, mais do que nunca: a não ficarmos fechados na indiferença, mas a nos abrirmos, a sentirmo-nos chamados para deixar nossas coisas e ir até o outro, a compartilhar a alegria de encontrar o Senhor e a fadiga de caminhar na sua estrada”.

Prosseguindo, o Papa encorajou os fiéis a arriscarem, a aproximarem-se dos homens e mulheres de nosso tempo, a tomar a iniciativa e envolverem-se, sem medo, pois não existe fé sem riscos. E neste sentido, agradeceu a cidadania pelos esforços desta comunidade na integração, contrastando a cultura da indiferença e do descarte. Elogiou ainda as iniciativas de inclusão dos mais frágeis.

O segundo pensamento do Papa se inspirou no convite feito por São Paulo a vestir uma couraça “particular”, a de Deus, que combate os espíritos do mal cinge com a verdade:

“Não se pode fundar nada de bom sobre as tramas da mentira e da falta de transparência. Procurar e optar sempre pela verdade não é fácil; é uma decisão vital que marca profundamente a existência de cada um e da sociedade, para que seja mais justa e honesta. A sacralidade de todo ser humano requer, para cada um, respeito, acolhida e um trabalho digno”.

Tragédia do trabalho

Fora do texto, o Papa recordou os sete operários chineses mortos há dois anos em um incêndio na zona industrial de Prato. Moravam dentro do galpão no qual trabalhavam, em um dormitório feito de reboco: uma tragédia da exploração – disse - que representa condições de vida desumanas.  “A vida de toda comunidade exige que se combatam, até o fim, o ‘câncer’ da corrupção e o veneno da ilegalidade. Dentro de nós e junto aos outros, não nos cansemos de lutar pela verdade!”, prosseguiu.

Encorajamento aos jovens

Terminando, Francisco convidou os jovens a não cederem ao pessimismo e à acomodação, agradecendo-os pelas orações. “Maria é quem transformou o sábado da desilusão no alvorecer da ressurreição. Quem se sente cansado e oprimido pelas circunstâncias da vida, confie em nossa Mãe que está perto de nós e nos consola”.

Após a missa, um casal de desempregados, três sindicalistas e representantes das comunidades chinesa, ucraniana, polonesa, romena, filipina, nigeriana e paquistanesa, além de representantes das instituições locais, prefeitos da província, associações de diferentes categorias – um total de 60 pessoas, saudaram o Papa pessoalmente.

Florença

Em seguida, dirigiu-se, de helicóptero, á Florença, “capital do Renascimento”, onde visitou o monumento do Batistério e a Catedral de Santa Maria del Fiore, onde se encontra com os participantes do Congresso nacional da Igreja italiana.

Ao meio-dia, Francisco recita a oração do Angelus e faz uma saudação aos enfermos na Basílica da Santissima Annunziata. Meia hora depois, o Pontífice almoça com os pobres no refeitório de São Francisco pobrezinho na praça da igreja. Às 15h15 (12h15 no Brasil), o Papa preside missa no estádio Artemio Franchi. Em seguida, despede-se das autoridades e decola em direção ao Vaticano.