Mt. 9,14-15

O jejum é uma das práticas mais antigas. Ele está catalogado entre os mandamentos da nossa Igreja.  Os discípulos de João Batista e os fariseus eram obrigados a jejuar, mas os discípulos de Jesus não faziam. Por quê? A Bíblia faz muita referência ao jejum. Era uma forma de se fazer penitência e provocar a conversão. O evangelho de hoje não é uma manifestação contra o jejum, mas um ensinamento para compreender o seu sentido. Vamos aprofundar o trecho.

Mt.9,14: “Por que nós e os fariseus jejuamos tanto, e os teus discípulos não jejuam?” Será que Jesus não ligava para isso? Como entender? O jejum é um meio importante para se chegar a um domínio de si mesmo, a um autocontrole. É um instrumento para manter livre a mente e para não se deixar levar por qualquer vento. O jejum visa alcançar a liberdade da mente, o controle de si, uma visão crítica da realidade. Jesus fez essa experiência. Mateus nos diz que ele jejuou quarenta dias e quarenta noites (Mt.4,2).

Jesus veio para nos ensinar a dar sentido a todas as nossas ações. A leitura de hoje nos quer explicar que a prática e os atos religiosos não devem ser apenas para cumprir uma tradição ou obrigação, mas como uma força que deve animar a nossa vida. Não pode ser de “fachada” como os fariseus. Jejuar para parecer piedoso é converter o ato de culto em teatro.

Frei Carlos Mesters diz que “Jesus lia muito o livro do profeta Isaías”. Quero imaginar que ao nos ensinar sobre o jejum Ele fez memória do capítulo 58: “Por acaso o jejum que eu escolhi não é este: romper as amarrar da injustiça, desfazer as correntes da canga, pôr em liberdade os oprimidos e despedaçar qualquer canga? Por acaso não é repartir o seu pão com quem passa fome, hospedar em casa os pobres sem abrigo, vestir aquele que se encontra nu e não se fechar diante daquele que é sua própria carne”? (Is. 58,6-7). Neste sentido posso dizer que jejuar é também viver as obras de misericórdia?!

Mt.9,15: “Por acaso os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado deles. Então sim farão jejum. Jesus responde com uma comparação. Jesus é afigura do noivo. Os discípulos, seus amigos. Eles partilhavam com Ele de todos os eventos. Não havia clima para jejuar. Deve haver uma razão para jejuar e não somente jejuar por jejuar ,sem um motivo que toque o coração.

Penso que este trecho me ajudou a refletir sobre a Campanha da Fraternidade Ecumênica Casa comum, nossa Responsabilidade. Jejuar é educar-se para a moderação no trato com os bens da natureza, para que sejam partilhados em favor de todos.