“JUSTO E CARIDOSO” - Reuberson Ferreira

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10/08/2017 - 08:00

QUINTA FEIRA DA 18ª SEMANA DO TEMPO COMUM

Leituras: 2Cor 9, 6-10; Sl:111; Evangelho: Jo 12, 24-26

Seguimos experimentando neste tempo litúrgico a singeleza, a mística e a profundidade do tempo comum. Esse tempo, exorta-nos a descobrir e viver uma acurada paixão pelo Reino de Deus. Reino este que se concretiza na entrega sincera de si mesmo, na doação concreta da vida e na reiterada decisão de produzir frutos de justiça, solidariedade, respeito e compreensão entre os homens e mulheres de boa vontade.

No espírito próprio deste tempo litúrgico, as leituras desta quinta feira da décima oitava semana do tempo comum, exortam-nos a fazer da vida uma entrega desmedida e comprometida em favor dos que necessitam. Somos desafiados a uma doação sincera em favor dos que sofrem, a uma oblação total que seja capaz de gerar frutos de Justiça. Convida-nos esta liturgia a uma mística da justiça e da caridade.

A primeira leitura de hoje, extraída da segunda carta aos Coríntios, insere-se no contexto da motivação de Paulo à comunidade para uma coleta em favor dos pobres. O Apóstolo dos gentios exorta os membros daquela igreja à, com generosidade, sem constrangimento ou sujeição (v.7) , a colaborem com afligida e perseguida comunidade de Jerusalém. Seus argumentos inserem-se na linha de que tudo é de Deus e que Ele amparará aqueles que ajudam com largueza (v.8.10). Paulo põe esse gesto na linha da caridade com os pobres e do exercício da justiça (v.9). Ensina-nos este texto que desde a primeira hora a comunidade cristã que se dedica a semear os sinais do Reino de Deus, guiou-se pela consciência de era necessário reparar as injustiças perpetradas na sociedade contra aqueles que sofrem. Norteou-se pela clareza que a caridade é chave de leitura para a edificação do Reino de Deus.

Na sequência da liturgia, o salmo e o evangelho apontam a caridade, a justiça e a oferta da própria vida como caminhos de fidelidade ao Reino de Deus. O salmista declama louvores ao homem que, motivado pela lei do Senhor, prática a justiça em seus negócios e, ao mesmo tempo, é solidário com os pobres, os excluídos, os marginalizados. O evangelho de João, por sua vez, é parte de um discurso de Jesus após sua entrada em Jerusalém. Ele evidencia que sua “futura” morte é sinal de sua entrega à humanidade e de sua glória. Ele argumenta que se o grão de trigo não morre ( = se entrega) vive em vão; Caso morra, fecunda a terra, produz frutos(v.24). Atrai a si seguidores, servidores do Pai(v.26). Ensina-nos este evangelho que a entrega completa da própria vida, tal como ensinou e fez o Cristo é condição sine qua non para edificação do reino de justiça, solidariedade e paz anunciado por Jesus.

Largos traços, a liturgia de hoje, insiste na busca generosa da prática da caridade e da justiça, tão necessária nos tempos sombrios que ora vivemos. Esta liturgia plastifica de maneira singular a figura do mártir Lourenço, padroeiro dos diáconos, que hoje a Igreja católica celebra. Esse santo, conta-nos algumas

tradições, quando instado a entregar suas terras ao temido tirano Valeriano, vendera-as e deu o dinheiro aos pobres, apresentando-os ao seu futuro algoz como a verdadeira riqueza da Igreja. Em resultado, teve sua vida ceifada. Que o evangelho, uma encarnada espiritualidade e o exemplo dos mártires mova a humanidade no prática da justiça e da caridade.

 

Pe. Reuberson Ferreira, mSC - Mestrando em Teologia na PUC-SP. Trabalha na Paróquia S. Miguel Arcanjo, Arquidiocese de São Paulo.