O DEUS PRESENTE E O PERDÃO INFINITO - Pe. Reuberson Ferreira

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17/08/2017 - 08:15

QUINTA FEIRA DA 19ª SEMANA DO TEMPO COMUM

Leituras: Jo 3, 7-11.13-17; Sl:113a; Evangelho: Mt 18, 21-19,1

Com passos firmes, palmilhamos dia-a-dia a experiência profunda que este tempo litúrgico nos convida a tomar parte. Ele nos desafia a uma prazerosa e estimulante caminhada em direção à construção do Reino dos céus. Somos instigados a anunciar ao mundo um Deus que se faz presente em meio as vicissitudes humanas e que desafia homens e mulheres de todos os tempos a semearem o perdão.

No espírito próprio deste tempo litúrgico, as leituras desta quinta feira da décima nova semana do tempo comum, apontam para elementos constitutivos do reino quisto por Deus para humanidade e anunciado ao mundo por Jesus Cristo. A liturgia de hoje testifica a presença de Deus constante no meio do povo e aponta o perdão como condição de vida fraterna entre os homens e mulheres de boa vontade.

A primeira leitura, extraída do livro de Josué, narra um fragmento da história do povo de Deus que atravessou o rio Jordão a pé enxuto às vésperas de entrar na terra prometida. Josué, instruído por Deus (v.7.11), orienta a comunidade a passar pelo rio seguindo a arca da aliança que é levada pelos sacerdotes (v.8.15). O povo, ante o rio que se curva (v.13),executa a travessia sem dificuldades, a pé enxuto(v.17). Trata-se de uma passagem que carrega um duplo simbolismo, de um lado revive a experiência de travessia para libertação tal qual fora feita outrora (Ex 14, 15-16). De outro, indica que Deus – simbolizado na Arca – é quem conduz o povo e está junto dele nas situações mais difíceis, buscando a libertação de todo mal.

Na sequência da liturgia, o salmo recorda a história dos Israelitas que se tornaram o povo escolhido do Senhor, perdoado, liberto do mal e da opressão. O evangelho de Mateus, por seu turno, atesta que um Deus presente no meio da humanidade, requer de seus filhos uma capacidade oblata de perdoar infinitas vezes à exemplo do que ele mesmo sempre fizera. O simbolismo do número sete, recorda a perfeição e a explícita necessidade do gesto de perdoar. À parábola do empregador que acerta as contas com seus empregados e que, ante suas faltas, lhes perdoa e, mais ainda, exige que eles façam o mesmo, acena para imperativo categórico da prática do perdão. O Reino de Deus, portanto, constitui-se sob a égide do perdão

A liturgia de hoje, em resumo, faz retinir em nosso ouvido e palpitar em nosso coração o forte, e doce convite a vivência do perdão. Em tempos de extremismos tão intensos somos chamados a propor a reconciliação, o diálogo e o respeito como cultura. Ao mesmo tempo, somos desafiados a testemunhar ao mundo que Deus habita esta cidade(Sl 49,7), particularmente naqueles que sofrem e esperam a libertação.

 

Pe. Reuberson Ferreira, mSC - Mestrando em Teologia na PUC-SP. Trabalha na Paróquia S. Miguel Arcanjo, Arquidiocese de São Paulo.