O nome já diz tudo - Raul de Amorim

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18/12/2015 - 00:15

Mt. 1,18-25

No evangelho de ontem, a genealogia de Jesus deixou uma interrogação. As quatro mulheres do Antigo Testamento que foram citadas, Tamar, Raab, Rute e a mulher de Urias, conceberam seus filhos fora dos padrões normais de comportamento da época e encontravam-se num estado irregular perante a Lei. E Maria? Qual a sua irregularidade? É a gravidez que acontece antes de ela conviver com José.

Poderíamos dizer que o próprio Deus burlou as leis da pureza para que o Messias pudesse nascer no meio de nós! Se José tivesse agido conforme as exigências das leis da época, deveria ter denunciado Maria e ela poderia se apedrejada. Mas José, por ser justo, não obedeceu às exigências das leis da pureza. Sua Justiça era maior e o levou a defender a vida tanto de Maria como de Jesus. A conversão de José a uma justiça que supera o que está escrito na Lei torna possível o nascimento do Messias.

José reconhece legalmente o filho que vai nascer transmitindo-lhe os direitos próprios de um descendente de Davi. Mateus escrevendo dessa forma que mandar um recado para as comunidades: “Estão vendo no que daria a observância rigorosa que certos líderes exigem de vocês? Daria na morte do Messias!” Mais tarde o próprio Jesus vai dizer: “Se a justiça de vocês não for maior que a dos escribas e fariseus, não poderão entrar no Reno do Céu” (Mt.5,20)

O filho de Maria recebe dois nomes: Jesus e Emanuel. Jesus significa “Javé salva”. A salvação não vem do que nós fazemos para Deus, mas do que Deus faz por nós. Emanuel significa “Deus conosco”. Na saída do Egito, no Êxodo, Deus desceu para junto do povo oprimido (Ex 3, 8) e disse a Moisés: “Estou contigo” (Ex 3,12) e desde aquele momento ele nunca mais abandonou o seu povo. Os dois nomes, Jesus e Emanuel, realizam a até ultrapassam a esperança do povo.

A leitura de hoje também nos ensina que embora a salvação seja obra de Deus, a colaboração humana é necessária. Deus para realizar o seu projeto de amor e salvação, serve-se de pessoas que cumprem sua vontade muitas vezes misteriosa. José e Maria são exemplos.

O anjo aparece a José em sonho e o ajuda a enxergar. As dúvidas de José são próprias de quem compreende a religião e a vida em termos do legalismo e individualismo. A intervenção do anjo esclarece o sentido profundo do plano de Deus. Anjo é o mesmo que mensageiro. Ele traz uma mensagem e ajuda a perceber a ação de Deus na vida, na história. Hoje, há muitos “anjos e anjas” que nos orientam na vida. Às vezes eles atuam em sonhos, outras vezes nas reuniões, nas conversas nos fatos.

 Para pensar: Aos olhos dos escribas e fariseus, a justiça de José seria uma desobediência Como pensar isso? Como  descubro o apelo da Palavra de Deus  dentro dos fatos da vida?