JOÃO PAULO II MENSAGEIRO DA MISERICÓRDIA DIVINA!

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16/03/2011 - 00:00

    Toda a Igreja alegrou-se com o anúncio da beatificação do saudoso Papa João Paulo II, prevista para o próximo dia 1° de Maio de 2011, na Praça de S. Pedro, em Roma, presidida pelo próprio Papa Bento XVI. Trata-se, sem dúvida, de um acontecimento histórico e, ao mesmo tempo, profundamente significativo.

                Num espaço breve de tempo, cumpridas todas as exigências do Processo para a Beatificação de um Servo de Deus (com a exceção apenas da dispensa do prazo de cinco anos para a abertura do Processo), cumpre-se o pedido e a profecia vista na Praça de S. Pedro nos funerais de João Paulo II “Santo súbito!” (Santo já!)

                Acompanhando João Paulo II no seu percurso histórico são inúmeros os fatos que atestam a sua santidade: sua paixão por Cristo e pelo Evangelho, seu amor filial à Virgem Maria, sua vida permeada pela oração e sua disponibilidade missionária, sua sensibilidade para com os pobres e sofredores, sua fidelidade à Igreja e abertura aos sinais dos tempos, vislumbrados por ele no Concílio Vaticano II.

                Dentre os diversos aspectos da sua vida e santidade, destaca-se, sobretudo, o seu empenho em levar ao mundo a mensagem da Divina Misericórdia, como foi revelada à Santa Faustina Kowalska. Se quando jovem operário da fábrica tedesca “Solvay”, durante a Segunda Guerra Mundial frequentava a Capela das Irmãs da Divina Misericórdia onde se conservava a imagem de Jesus Misericordioso; já em 1964 como Arcebispo de Cracóvia iniciou o processo de beatificação de Santa Faustina e pode assim tomar conhecimento mais aprofundado da mensagem da misericórdia transmitida por ela ao mundo.

                Na Sede de Pedro, leva consigo as palavras de Santa Faustina: “A humanidade inteira não encontrará a paz, se não voltar-se à Divina Misericórdia.” (Diário 300) Destas palavras de Santa Faustina compreende-se os gestos do Papa João Paulo II por aproximar o mundo de hoje do mistério da Divina Misericórdia: a sua Encíclica Dives in misericordia (Rico em misericórdia) de 1981, a beatificação de Irmã Faustina aos 18 de abril de 1993 e a sua canonização em 30 de abril de 2000 quando estendeu ao mundo todo a celebração do Domingo da Divina Misericórdia.

                Conhecendo a mensagem da Divina Misericórdia revelada a Santa Faustina, compendiada no seu Diário, compreende-se facilmente o quanto ela esteve inscrita na vida e no ministério pastoral do Papa João Paulo II. Já as suas primeiras palavras, quando da sua eleição para a Sede de Pedro: “Abri as portas ao Redentor!”, em 16 de outubro de 1978, revelam a sua confiança audaciosa na Misericórdia Divina que dirige os destinos da humanidade para o encontro definitivo com o Pai. As suas inúmeras viagens pelos mais diversos países do planeta testemunham a sua capacidade de compadecer-se das fraquezas humanas, e o seu esforço por iluminar as trevas da humanidade com a luz radiante da Misericórdia de Deus.

                O Papa João Paulo II em diversas ocasiões recordou ao mundo a Misericórdia de Deus. Na homilia da Beatificação de Irmã Faustina (18-04-1993) ele sublinhou que o mistério da misericórdia, recordado pela humilde irmã polaca, é um grito profético à humanidade inteira que Deus existe e está presente no mundo cansado pelas guerras e pelo mal. A Misericórdia de Deus é sempre um sinal que Deus não nos deixa, que Ele sofre conosco, morre e vence o pecado.

                Na homilia da canonização de Irmã Faustina, aos 30 de abril de 2000, o Papa João Paulo II afirmou que a misericórdia é uma grande possibilidade para conhecer “a verdadeira face de Deus e a verdadeira face do homem”. A Mensagem da Divina Misericórida anuncia ao mundo a dignidade e o valor irrepetível de cada homem, pelo qual o Cristo deu a sua vida. Experimentando a misericórdia de Deus, o homem descobre a presença de Deus, que nos esquece jamais.

                Aos 17 de agosto de 2002, após a dedicação da Basílica da Divina Misericórdia, João Paulo II confiou todo o mundo à Misericórdia Divina. Ele assim se expressou: “hoje, neste Santuário, quero solenemente confiar o mundo à Divina Misericórdia. Faço-o com o desejo ardente que a mensagem do amor misericordioso de Deus, aqui proclamada por meio de Santa Faustina, chegue a todos os habitantes da terra e encha os corações de esperança. Tal mensagem se difunda deste lugar em toda nossa amada Pátria e no mundo. Cumpra-se a firme promessa do Senhor Jesus: daqui deve sair “a chama que preparará o mundo para a sua ultima vinda” (Diário 1732). É preciso acender esta chama da graça de Deus. É preciso transmitir ao mundo este fogo da misericórdia. Na misericórdia de Deus o mundo encontrará a paz, e o homem a felicidade. Confio esta missão a vós, caríssimos Irmãos e Irmãs, à Igreja que está em Cracóvia e na Polônia, e a todos os devotos da Divina Misericórdia que aqui chegarão da Polônia e do mundo inteiro.” (Homilia a Lagiewniki, 17-08-2002).

                Nestas referencias compreendemos que a Misericórdia Divina esteve no coração do ministério pastoral do Venerável João Paulo II. Não erraríamos, hoje, em dizer que o Venerável João Paulo II, chamado carinhosamente pelo povo brasileiro nas suas visitas à nossa Pátria de “João de Deus!”, foi para a Igreja e o mundo no final do século XX e no despontar do século XXI um testemunho da Misericórdia.

                Não foi sem razão que Deus o chamou para si nas vésperas do Domingo da Misericórdia (2 de abril de 2005), confirmando o seu testemunho e propondo-o para a Igreja como modelo de confiança e daquele amor misericordioso efetivo preconizado por Santa Faustina, centro da devoção a Divina Misericordiosa!

                Sim, Beato João Paulo II nós o invocamos como testemunha e nosso intercessor diante da Misericórdia de Deus! Beato João Paulo II, obtende a misericórdia de Deus para nós e para o mundo inteiro! Amém.

 

Dom Milton Kenan Júnior