Quando orardes...” (Lc 11,2)

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26/06/2014 - 00:00

 A segunda seção da parte que trata da “Oração cristã”, se dedica a aprofundar a oração do “Pai nosso”, a “oração do Senhor”, aquela que Ele ensinou aos discípulos quando eles pediram que lhes ensinasse a rezar, como João Batista ensinou os que o acompanhavam (cf. Lc 11,1).

            Para nos falar da importância da oração do Pai nosso, o Catecismo apela para as palavras de um autor dos primeiros séculos da era cristã: “A Oração do Senhor é realmente o resumo de todo o evangelho” (Tertuliano); e Santo Agostinho: “Percorrei todas as orações que se encontram nas Escrituras, e eu não creio que possais encontrar nelas algo que não esteja incluído na oração do Senhor” (cf. CIC 2761-2762).

            A oração do Senhor, encontrada no centro do Sermão da Montanha, reúne todo o Evangelho em si. Santo Tomás de Aquino (como é citado pelo Catecismo) afirma: “A Oração do Senhor é a mais perfeita das orações [...] Nela, não só pedimos tudo quanto podemos desejar corretamente, mas ainda segundo a ordem em que convém deseja-lo. De modo que esta oração não só nos ensina a pedir, mas ordena também todos os nossos afetos” (n. 2763).

            Nós a intitulamos “A Oração do Senhor”, pois nela, “o Filho único nos dá as palavras que o Pai lhe deu. Ele é o mestre de nossa oração. Por outro [lado], como Verbo encarnado, Ele conhece em seu coração de homem as necessidades de seus irmãos e irmãs humanos e as revela para nós; é o modelo de nossa oração” (n. 2765).

            O Catecismo, afirma, entretanto, que “Jesus...não nos deixa uma fórmula a ser repetida maquinalmente [...] Jesus nos dá não só as palavras de nossa oração filial, ele dá, ao mesmo tempo, o Espírito pelo qual elas em nós “são espírito e são vida” (Jo 6,63), tornando-nos participantes da relação misteriosa que existe entre Ele e o Pai, unidos pelo Espírito Santo (n. 2766).

            A Oração do Senhor é também a oração da Igreja, que acolheu e viveu desde o início este dom indispensável das palavras do Senhor e do Espírito Santo. As comunidades primitivas a rezavam “três vezes ao dia”.

            Por estar presente em todas as tradições litúrgicas, sobretudo, nos sacramentos da iniciação cristã, o Catecismo recorda que “no batismo e na confirmação, a entrega {“traditio”] da Oração do Senhor significa o novo nascimento para a vida divina. Como a oração cristã consiste em falar a Deus com a própria palavra de Deus, aquele [que] é “incorruptível mediante a palavra de Deus, viva e permanente” (1Pd 1,23), aprende a invocar seu Pai mediante a única Palavra que ele sempre atende” (n. 2769).

            No contexto da Eucaristia, “a Oração do Senhor manifesta também o caráter escatológico de seus pedidos. É a oração própria dos “últimos tempos”, dos tempos de salvação que começaram com a efusão do Espírito Santo e que terminarão com a volta do Senhor” (n. 2771).

Dom Milton Kenan Júnior