Papa pede que prefeitos adotem visão da “periferia ao centro” e ressalta que Laudato si não é uma encíclica verde, mas social

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O Papa participou nesta terça-feira, 21, do encontro em que prefeitos do mundo todo debatem propostas para cessar as formas modernas de escravidão e soluções para as mudanças climáticas
Publicado em: 22/07/2015 - 06:00
Créditos: Redação, com Rádio Vaticano.

O Papa quis participar pessoalmente do encontro organizado pelo Vaticano que reúne prefeitos de todo o mundo, de Nova Iorque a Paris, de São Paulo a Buenos Aires, sobre o tráfico de seres humanos, ou seja, as várias formas de escravidão moderna, além de mudanças climáticas e desenvolvimento sustentável.

Ao final do encontro desta terça-feira (21/7), Francisco foi até a Sala Nova do Sínodo. No seu pronunciamento, em espanhol e no improviso, o Pontífice falou da sua esperança que as Nações Unidas promovam “um acordo de base fundamental”, porque “a ONU precisa realmente assumir uma forte posição sobre esses problemas, em particular, sobre o tráfico de seres humanos, devido às mudanças climáticas. O Papa disse também ter “grandes esperanças sobre o encontro de Paris em dezembro”.

O Papa disse ainda que “a sua Encíclica não é uma ‘encíclica verde’, mas, uma ‘encíclica social’, porque, dentro dela, da vida social do homem, não podemos separar o cuidado com o ambiente. Mais ainda, o problema do ambiente é uma atitude social, que nos socializa”.

Francisco também enfatizou que a cultura do cuidado pelo ambiente não é uma atitude somente “digo, no bom sentido, verde, é muito mais. Cuidar do ambiente significa uma atitude de ecologia humana. Já não podemos dizer a pessoa está aqui, e a Criação e o ambiente estão ali. A ecologia é total, é humana. Foi o que eu quis expressar na Encíclica Laudato si. Que não se pode separar o homem do resto. Existe uma relação de incidência mútua. Seja do ambiente sobre a pessoa, seja da pessoa no modo como trata o ambiente. E, também, o efeito de ‘rebote’ contra o homem, quando o ambiente é maltratado”.

Crescimento desenfreado

Ao afirmar que o inchaço das grandes cidades é provocado pelas consequências de um modelo de desenvolvimento tecnocrático de exclusão, no qual as pessoas no campo migram aos centros urbanos por não terem mais acesso à terra, o Papa disse que o crescimento desmesurado das cidades está ligado à maneira como se cuida do ambiente.

“É um fenômeno mundial. As grandes cidades se fazem ainda maiores com também cada vez maiores bolsões de pobreza e miséria onde as pessoas sofrem as consequências das negligencias para com o meio ambiente”, conclui Francisco.

“O trabalho mais sério e mais profundo se faz da periferia até o centro”, afirmou o Pontífice. “Se o trabalho não vem das periferias até o centro, não tem efeito”, arrebatou Francisco ao dizer que aí está a responsabilidade dos prefeitos e o motivo pelo qual eles participam dos debates promovidos pela Pontifícia Academia das Ciências.