Pe. Herreros: um coração doado à juventude e à missão da Igreja

A A
Pe. José Maria Herreros Robles, sacerdote da Companhia de Jesus, faleceu no dia 20 de novembro, aos 84 anos.
Publicado em: 23/11/2015 - 15:00
Créditos: Nei Márcio Oliveira de Sá

Em sua vida de missionário jesuíta, acompanhou inúmeras pessoas, que puderam ser acolhidas, formadas e educadas na fé.  Deixou para todos os que conviveram com ele um imensurável testemunho cristão de amor aos jovens, aos pobres e à Igreja, num belíssimo exemplo de santidade.

Pe. José Maria Herreros Robles, missionário jesuíta, nascido em 24 de maio de 1931, na cidade de Madri, capital da Espanha, chegou ao Brasil em setembro de 1963. Paulatinamente, foi aprendendo o português para poder se comunicar com a juventude sabendo de sua dificuldade, porém confiante na inteligência e na compreensão dos que lhe escutavam.

Começou trabalhando com os movimentos de jovens existentes na época: Cursilhos de Cristandade, TLC (Treinamento de Liderança Cristã), no Movimento de Emaús entre outros. Já naquela época assumia tarefas importantes e desafiantes, coordenando o TLC em lugares distantes de São Paulo como Campo Grande -MS, e Frederico Westphalen (RS), além de diversas capitais, procurando ajudar a juventude a conhecer e assumir a proposta de Jesus Cristo em suas vidas.

Além de inúmeras funções e missões exercidas pela Companhia de Jesus, Pe. Herreros foi um dos principais articuladores da Pastoral da Juventude. Em 1972, em Itaici, participou do 1º Encontro dos Assistentes Espirituais dos Movimentos de Juventude do Estado de São Paulo.  Em 1973, do 1º Encontro Nacional dos Responsáveis pela Pastoral de Juventude. Em maio de 1974, esteve na 1ª Assembléia da PJ do Regional Sul 1, em Itaici e logo depois, no mesmo mês e no mesmo local, participou da Assembléia Geral dos Bispos do Estado de São Paulo, onde foi aprovado o documento Princípios e Diretrizes para a Pastoral de Juventude, que, pela primeira vez, destacava a necessidade de uma Formação Integral para a Juventude, abrangendo também o papel da juventude na sociedade, com base na Doutrina Social da Igreja.

Na década de 70 acompanhou as principais decisões e pronunciamentos dos bispos da América Latina do Brasil e da Arquidiocese de São Paulo, com Dom Paulo Evaristo Arns, no difícil e triste período da ditadura militar, formando o senso crítico e a espiritualidade dos jovens. Assumiu, de forma plena, as evangélicas opções preferenciais pelos pobres e pelos jovens, aprovadas pelos bispos reunidos em Puebla, na Conferência do CELAM, em 1979.

Participou na implementação da Pastoral da Juventude, em suas várias instâncias: América Latina, Nacional, Estadual, Arquidiocese de São Paulo e nas Regiões Episcopais. Em 1980, participou da 3ª Assembléia da PJ do Regional Sul 1, realizada na cidade de Lins onde foram elaboradas pistas de ação que destacavam a necessidade formar grupos de jovens nas periferias, a articulação dos jovens universitários e refletindo, profundamente questões de como ajudar as classes média e alta a assumirem a opção pelos pobres.

Em 1981, em Mogi das Cruzes, na 4ª Assembléia da PJ do Regional Sul 1, acompanhou as reflexões onde foram discutidas questões como a Formação nos grupos de base, Metodologia e Espiritualidade da PJ. Em 1983, participou da 6ª Assembléia, na diocese de Santo André, onde pôde testemunhar a reflexão sobre o tema “Espiritualidade Cristã” desenvolvida pelo então bispo diocesano e atual Arcebispo Emérito de São Paulo, Dom Cláudio Hummes que, nessa época, também foi o bispo referencial para a evangelização da juventude na CNBB.

Nas décadas seguintes, em vários períodos, Pe. Herreros serviu a Igreja assumindo a Assessoria da Pastoral da Juventude no Regional Sul 1 e na Arquidiocese de São Paulo, mais especificamente na Região Episcopal Ipiranga, com total apoio, confiança e amizade de Dom Antônio Celso Queiroz, então bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo e grande colaborador da CNBB e de uma pastoral aberta e atenta à vida do povo.

Pe. Herreros formou muitas lideranças jovens e adultas no decorrer destes anos e ajudou muitas pessoas a descobrirem e discernirem a vontade de Deus para suas vidas. A pedido de diversos bispos, colaborou no acompanhamento de seminaristas e padres diocesanos, em vários lugares. Muitos padres diocesanos, religiosos e religiosas devem ao Pe. Herreros o encorajamento para os primeiros passos de seu Projeto de Vida.

Demonstrou, a exemplo, do fundador da Companhia de Jesus, Santo Inácio de Loyola, um grande testemunho de comunhão eclesial, tornando-se exemplo de religioso encarnado na vida e nas necessidades da Igreja, participando ativamente da vida do presbitério da Região Episcopal Ipiranga, chamado, por diversas vezes, a fazer parte do Conselho Presbiteral e da vida pastoral da região, especialmente no tempo de Dom Celso Queiroz.

Com a colaboração de diversos padres e irmãos jesuítas, contribuiu decisivamente para que o Centro de Pastoral “Anchietanum” estivesse a serviço dos jovens de São Paulo, oferecendo inúmeros cursos de formação sobre metodologia da PJ, capacitação de coordenadores, formação para a cidadania, afetividade e sexualidade, artes entre outros e várias modalidades de retiros espirituais, a partir dos Exercícios de Santo Inácio de Loyola. Muitos jovens e adultos acompanhados nas CVX (Comunidades de Vida Cristã), de espiritualidade inaciana, tiveram a oportunidade de crescer humana e espiritualmente, através do acompanhamento do Pe. Herreros. Diretor deste centro, colocou a infraestrutura do Anchietanum a serviço da PJ da Arquidiocese de São Paulo, fazendo com que este espaço fosse, de fato, “a casa” dos jovens da arquidiocese e do regional: local acolhedor e de crescimento espiritual e humano para muitas gerações.

Servidor incansável, possuidor de inegável carisma e simpatia, Pe. Herreros cativou a todos com seu enorme espírito de desprendimento, disponibilidade, amor aos pobres, liberdade e, “para maior glória de Deus”, sempre soube conciliar todos os serviços de animação da evangelização da juventude com as funções e responsabilidades atribuídas pela Companhia de Jesus, como Diretor e Reitor do Colégio São Francisco Xavier, no bairro do Ipiranga, onde até hoje é lembrado, com imenso carinho, por suas famílias, além dos serviços de orientação e animação vocacional dos candidatos à vida religiosa na Companhia de Jesus, e diversas outras funções na ordem jesuíta.

Todas as pessoas que conviveram com Pe. Herreros sempre tiveram nele um pai, um amigo, um orientador, um companheiro que viveu seu sacerdócio ministerial com grande alegria e realização, com a mente, mãos e coração sempre dispostos a acolher, a abraçar e a buscar a conciliação, o perdão e a misericórdia em todas as coisas.  

 

            Por tudo isto, louvamos a Deus pela vida do Pe. Herreros.