A mensagem do silêncio: Centenário do Mosteiro da Visitação

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12/08/2015 - 10:00

Os Institutos de Vida Consagrada Religiosa representam uma riqueza muito grande na vida eclesial. Inspirados no Evangelho e vivendo diversos carismas, eles ajudam a Igreja a expressar e testemunhar melhor a vida segundo o Evangelho de Cristo e a ajudam a cumprir sua missão de anunciar a Boa-Nova ao mundo.

No domingo, dia 9 de agosto, o Mosteiro da Visitação (Vila Mariana), da Ordem de Santa Maria da Visitação, celebrou o centenário de sua fundação em São Paulo. A Ordem da Visitação de Santa Maria foi fundada em 1610 por São Francisco de Salles e Santa Joana de Chantal. São Francisco de Salles era fascinado pelo mistério da visita de Maria a sua prima Santa Isabel e quis que o Instituto por ele fundado tivesse o carisma de comunicar ao mundo o “mistério escondido”, como fez Nossa Senhora.

O Mosteiro da Visitação, de São Paulo, nasceu graças ao entusiasmo de Monsenhor Maximiano da Silva Leite, reitor do Seminário de São Paulo, e da ajuda generosa de uma senhorita, Anésia da Silva Prado Pacheco e Chaves, que também viria a ser uma das monjas da comunidade. A construção foi iniciada em 19 de março de 1912, com a pedra fundamental abençoada por Dom Duarte Leopoldo e Silva, 1º arcebispo de São Paulo.

O novo Mosteiro começou a viver no dia 10 de agosto de 1915, com o translado de toda a comunidade da mesma Ordem, de 16 irmãs e três postulantes, já existente desde 1902 em Pouso Alegre (MG). A primeira superiora do Mosteiro de São Paulo foi Madre Maria de Sales Diniz. Ao longo dos 100 anos de sua existência, o Mosteiro da Visitação de Santa Maria revelou-se um lugar de silêncio, de oração e adoração a Deus “em espírito e verdade”. As portas da capela estão abertas para todas as pessoas que também queiram entrar e rezar. No “parlatório”, muitas pessoas vão pedir orações, partilhar angústias e ouvir conselhos das irmãs.

As religiosas vivem na clausura, no meio da cidade agitada, mas participam da vida da Metrópole: o Mosteiro é um oásis, onde buscar a água refrescante da graça de Deus; é sinal e testemunho da presença de Deus na cidade. No seu silêncio, quebrado somente pelas orações e cânticos, as monjas recordam aos habitantes desta cidade grande, sempre atarefados e correndo atrás de tantas coisas, que “uma só é a coisa verdadeiramente necessária” e indispensável na vida: “buscar o reino de Deus e a sua justiça”. Nenhuma outra coisa, por importante que seja, deve nos levar a colocar Deus em plano secundário.

Os mosteiros e as demais Comunidades de Vida Consagrada têm um papel profético fundamental na Igreja e na sociedade, mesmo sem dizerem uma palavra: o seu silêncio, cheio de fé e oração, fala alto e anuncia o Evangelho do Deus vivo! Ajudam a perceber que “Deus habita esta cidade e tem amor pelo seu povo”.

No próximo dia 19 de agosto, o Cardeal Dom João Braz de Aviz, Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as sociedades de Vida Apostólica, estará em São Paulo e celebrará a missa com os religiosos e religiosas da Arquidiocese na Catedral Metropolitana. O encontro e a missa com o “Prefeito dos religiosos” será um momento especial na vivência do Ano da Vida Consagrada Religiosa, desejado pelo Papa Francisco para renovar esse dom de Deus na vida da Igreja.

Em várias partes do mundo, a Vida Consagrada passa por dificuldades: as vocações são poucas e vários Institutos tradicionais já não conseguem renovar-se, nem continuar com as obras que vinham animando nos diversos campos da vida e da missão da Igreja. Enquanto isso, porém, surgem novos Institutos e novas formas da consagração a Deus na Igreja.

O Espírito Santo não deixa de atuar para que o Evangelho seja testemunhado de formas sempre novas e atuais pela Igreja. No Ano da Vida Consagrada, o Papa Francisco conclama toda a Igreja a redescobrir o sentido originário das comunidades de vida religiosa consagrada e a rezar pelas vocações à vida religiosa consagrada.

Publicado no jornal O SÃO PAULO - Edição 3064 - 11 a 18 de agosto de 2015