A assembleia geral da CNBB deste ano foi marcada por diversos aniversários: 60 anos de criação da CNBB, 50 assembleias gerais, 50º aniversário do Concílio Vaticano II... Tudo foi devidamente lembrado durante esses dias de trabalho, com a participação de 300 bispos do Brasil, reunidos, junto do Santuário Nacional da Padroeira, a Senhora Aparecida. O aniversário do Concílio será lembrado, com muitos eventos e iniciativas, ao longo dos próximos 4 anos em todo o Brasil.
Esta 50ª. assembleia geral da CNBB produziu um Documento pastoral de grande significado: motivados pelo Sínodo de 2008, sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja, e pela correspondente Exortação Apostólica Pós-Sinodal Verbum Domini, de Bento XVI, os Bispos quiseram dar indicações pastorais muito concretas para que a Palavra de Deus, de fato, se torne a fonte, a base de sustentação, a referência e motivação constante da vida e da missão evangelizadora e pastoral da nossa Igreja.
De fato, a Igreja vive de Jesus Cristo, seu Senhor e princípio, cabeça e pastor. E Jesus Cristo pelo dom do Espírito Santo, congrega a Igreja em torno de si, como o Pastor congrega as ovelhas; une a si a Igreja, como a cabeça une a si o corpo e lhe dá vitalidade. Sacramentalmente, de maneira perceptível e eficaz, isso acontece sobretudo no anúncio da Palavra e na celebração dos Sacramentos, sinais da ação salvífica de Deus no mundo.
Esta assembleia da CNBB centrou sua atenção na Palavra de Deus, para ajudar-nos a compreender que, sem o constante anúncio e acolhida, com fé, dessa Palavra do Senhor, a Igreja deixa de se alimentar na sua fonte, enfraquece e morre. Sem estar firmemente ancorada na Palavra de Deus e sem ouvir e aprender sempre de novo o que o Senhor diz (“quero ouvir o que o Senhor irá falar!”), a Igreja perde seu rumo, sua força e seu significado para o mundo; poderia, talvez, ser uma “ONG do bem”, mas em nada se distinguiria das demais organizações sociais existentes. Sua força está na Palavra de Deus.
É preciso lembrar sempre que a Igreja e, antes de tudo, ouvinte e discípula da Palavra de Deus. Vale isso, pessoalmente, para todos os batizados, e também para todas as organizações e instituições representativas da Igreja. Em todas as circunstâncias, ela deve tomar, primeiro, a atitude de discípula, que se põe a ouvir e acolher, a se deixar “arrebatar” pela Palavra de Deus. Em seguida, e como consequência necessária do ouvir, cada cristão, e a Igreja como um todo, deve fazer-se servidora dessa Palavra de vida para os irmãos e para o mundo, quer por palavras e iniciativas de proclamação explícita, quer pelo testemunho de vida, irradiando a luz e a força transformadora dessa Palavra-Luz para o mundo.
O novo Documento pastoral da CNBB quer ser uma ajuda aos católicos e às comunidades católicas do Brasil, dando indicações bem concretas para “ouvir Deus”, buscado o encontro com Ele na Palavra santa; há indicações para a leitura e interpretação corretas da Palavra, sobre sua proclamação e anúncio, sobre a valorização devida na vida pessoal e comunitária dos cristãos. Tenho a certeza de que será um subsídio muito útil para realizar a nova evangelização e para viver, de maneira proveitosa, o Ano da Fé.
Publicado no jornal O SÃO PAULO, edição de 24/04/2012