Família: caminho de santidade

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14/10/2015 - 13:30

Os trabalhos do Sínodo dos Bispos, no Vaticano, estão na 2ª. semana. Ao falar da vocação e missão da família na Igreja e na sociedade contemporânea, vários padres sinodais trouxeram à reflexão aspectos nem sempre lembrados quando se fala de casamento e família.

Olhando a vida com fé em Deus, precisamos reconhecer que o casamento e a formação de uma família também respondem a um chamado divino na vida das pessoas. Não se trata de mero instinto nem de força cega da natureza; o próprio amor humano entre o homem e a mulher, que leva ao casamento, já é uma primeira expressão daquele amor supremo, que procede do próprio Deus. Assim ensinou o papa Bento XVI na encíclica sobre a caridade – Deus caritas est, (Deus é amor).

Considerando que o casamento e a família fazem parte de um chamado de Deus, seria preciso responder a esse chamado com muita fé, seriedade e discernimento; as pessoas que se preparam para casar, precisariam colocar-se em sintonia com Deus e se perguntar, se Deus, de fato, as chama para unirem suas vidas no casamento e na vida em família. Quem se casa, precisaria perguntar-se sobre o que Deus quer no casamento e na vida em família? Como melhor corresponder a esse chamado?

Mais vezes também tem sido dito por participantes do Sínodo que a família é caminho de santificação para os esposos e para os filhos. A vida do cristão, a partir do Batismo, é consagrada a Deus e animada pela ação do Espírito Santo; por isso, todas as ações feitas segundo Deus fazem crescer na comunhão com Deus e ajudam a progredir no caminho que leva a Deus. O casal, que vive retamente a vida matrimonial e se dedica ao bem recíproco com amor e generosidade está fazendo frutificar a graça do Matrimônio e realizando obras meritórias.

 O casal que se abre generosamente à vida e tem filhos, “educando-os na lei de Cristo e da Igreja”, está sendo fiel à graça do Matrimônio, participa da ação criadora de Deus e realiza uma obra boa. A dedicação e o zelo pelos filhos, para lhes proporcionar o que eles necessitam para viver e se encaminhar bem na vida é obra do mais alto valor santificador. Os esposos e pais devem confiar-se continuamente à graça de Deus na realização de tão nobre missão; sozinhos, talvez, não conseguiriam cumprir essa tarefa.

 Para viverem o caminho de santidade, marido e mulher, pai e mãe não precisam fazer milagres nem coisas extraordinárias, mas realizar, de modo extraordinário, aquilo que faz parte de seus deveres naturais e diários, entre os quais também se inclui a iniciação dos filhos à vida na fé; assim, eles aprendem desde cedo a reconhecer Deus como Pai, a Jesus como Salvador e as outras pessoas como irmãos e irmãs. Os pais têm enorme capacidade de testemunhar e transmitir a fé e a vivência religiosa aos filhos; se o fazem, realizam uma obra santificadora maravilhosa!

A vocação e missão dos pais, na família, também é preparar pessoas de bem para a comunidade humana. Dos pais, espera-se que eduquem bem os filhos para serem pessoas honestas, trabalhadoras, respeitosas dos outros, solidárias e possuidoras das belas virtudes humanas que se esperam de cidadãos de bem. Também esta tarefa educadora, para o benefício da comunidade humana, também é santificadora para os pais.

 Também durante as reuniões do Sínodo, foram diversas as manifestações em favor da beatificação de casais, ou de um pai, ou uma mãe, de diversos países. Graças a Deus, já existe, como sempre existiu, muita santidade na vida em família! E isso é muito esperançoso para o futuro da família!

 No Domingo, dia 18 de outubro, durante a assembleia do Sínodo, o Papa Francisco vai canonizar os pais de Santa Teresinha do Menino Jesus: Luís e Zélia Martin. Um casal, proclamado “santo” bem durante o sínodo sobre a família: isso tem um significado extraordinário e está a indicar justamente que o casamento e a vida em família são caminhos para a santificação. E o feliz acontecimento acontece no Domingo das Missões: isso indica que a missão do casal e da família é orientar a sua vida e a dos filhos no caminho da santidade.

 

Publicado em O SÃO PAULO, de 14 10 2015