Frutos do Congresso de Leigos

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23/11/2010 - 00:00

 No Domingo de Cristo Rei, Dia Nacional do Leigo, foi encerrado o 1º Congresso de Leigos em nossa Arquidiocese. Convocado e aberto na Catedral da Sé no dia 25 de janeiro, o Congresso teve três etapas, envolvendo o laicato de diversas maneiras na discussão e reflexão sobre as questões postas à luz do tema “Cristãos leigos, discípulos e missionários de Jesus Cristo na cidade de São Paulo” e do lema “Vós sois o sal da terra; vós sois a luz do mundo” (Mt 5,13.14). Desse congresso são esperados muitos frutos!
        

        Fruto do congresso, sem dúvida, é uma nova tomada de consciência sobre quem é a Igreja e quem são os cristãos leigos. Existe uma ideia errônea sobre a Igreja, como se ela fosse uma organização de sacerdotes e profissionais da religião, que oferecem produtos a pessoas interessadas, à semelhança de outras organizações do mercado. Infelizmente, tal noção pode penetrar também no interior da própria Igreja: nesse caso, os leigos seriam uma espécie de fregueses e consumidores dos produtos dessa organização. É uma caricatura e um modo absolutamente inadequado de pensar ou falar da Igreja e dos leigos. A Igreja é um “Mistério de fé”, uma comunhão de pessoas congregadas em nome de Deus e animadas por seu Espírito.
        

        Pela graça do Batismo, os cristãos leigos tornaram-se membros da Igreja, Corpo de Cristo; são participantes, a pleno título e dignidade, do Povo de Deus, membros da família de Deus, filhos e filhas muito queridos de Deus, por meio de Jesus Cristo. Os leigos também receberam a abundância dos dons do Espírito de Deus e participam, de diversos modos, da missão da Igreja: anunciar o Evangelho, servir os irmãos na caridade e santificar o mundo, testemunhando a vida nova do reino de Deus. Eles têm parte nos bens espirituais da Igreja e dão dinamismo às comunidades cristãs, vivendo sua vocação e desempenhando muitos serviços eclesiais, de acordo com seu estado. Assim, os leigos ajudam a expressar de muitas maneiras a vida da Igreja e a exercer sua missão no mundo. Conforme o Concílio Vaticano 2º, a condição própria dos leigos é de índole secular e sua principal maneira de participar da missão da Igreja é procurar o Reino de Deus, exercendo funções temporais, plasmando o mundo segundo Deus.
        

        Outro fruto do congresso é a percepção boa de que já existem muitos leigos ativos na vida e missão da Igreja; são numerosas as agregações de leigos, com os mais variados carismas, que reúnem os leigos e os inspiram a se formar, cultivar a fé e a mística cristã, própria do seu carisma, e a atuar de maneira organizada. Eles estão nas associações tradicionais e recentes, nas pastorais, movimentos e comunidades novas, nas organizações familiares, na proximidade das Congregações e Institutos de Vida Consagrada, de cujo carisma são a expressão secular e laical...       

        Deus seja louvado! Também estão nas organizações paroquiais e comunitárias, nas obras sociais ou em organizações voltadas para a solidariedade e a promoção do bem comum. Queira Deus que, daqui por diante, surjam muitas outras agregações, grupos, associações de leigos, também voltadas para profissionais e agentes sociais de diversas áreas e competências na vida social, ou no serviço público. As organizações laicais são uma riqueza na vida da Igreja e dinamizam a sua missão.
        

        Fruto do congresso ainda é a tomada de consciência de que o cristão leigo precisa ser, antes de tudo, um discípulo de Jesus Cristo. A Igreja é a grande comunidade formada de muitas comunidades de discípulos-missionários de Jesus Cristo. É preciso encontrar-se com Jesus Cristo, estar intimamente relacionado com Ele, deixar-se encantar por Ele e partir dele para a missão. Os cristãos leigos são convidados a conhecer melhor a própria fé e a Igreja de Cristo, da qual são parte, para identificar-se com ela e amá-la, como se ama a própria mãe. Precisamos retomar a formação cristã e a experiência séria e profunda da vida cristã na Igreja.      

        Os leigos, de acordo com sua competência própria e conforme a área de sua atuação no mundo, também precisam conhecer melhor a Doutrina Social da Igreja, a Antropologia e a Moral cristã; sem isso, nada eles terão de próprio para contribuir na edificação do mundo pluralista, que precisa da contribuição de todos. Temos muito de bom para contribuir!
        

        Faço votos e peço a Deus que, mais um fruto do congresso, muitos outros leigos agora sejam despertados e envolvidos em nossas comunidades para se sentirem parte ativa e viva da Igreja, este povo de discípulos-missionários presentes na cidade de São Paulo, todos chamados a serem sal da terra e luz do mundo. Rezo para isso! Assim queira Deus!

         

Publicado em O SÃO PAULO, ed. de 23.11.2010