Os jovens e o futuro da humanidade

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16/08/2011 - 00:00

Madrid transformou-se na “capital mundial da juventude”. Jovens de 170 países ali chegam e ainda vão chegando para a Jornada Mundial da Juventude. Levam na bagagem a fé católica, recebida nas famílias e nas comunidades de seus países; muitos levam experiências traumáticas de pobreza, guerras, sofrimentos e até martírios... Mas também vão carregando as experiências religiosas bonitas de seus lugares de origem, muitas vezes marcados pelo testemunho de santos e de grandes exemplos de fé e de humanidade.

Eles vêm de povos, raças e culturas muito diversas, falam tantas línguas diferentes, mas todos se entendem, pois a linguagem comum é a fé, esperança e a caridade. Na Espanha, vão se irmanar, como membros de uma única grande família, que se sente “em casa” na Igreja de Cristo. E serão acolhidos em tantas igrejas e comunidades, não como estrangeiros, mas como irmãos que vêm de longe. Vão com o colorido de suas roupas, a alegria de suas canções, a jovialidade de sua juventude. Será uma bela experiência de “família humana”, pois a humanidade, de fato, é uma única família.

Mas por que vão? Por quem vão? Vão para se encontrar, é verdade, mas poderiam fazer isso também em seus países. Vão para conhecer a Espanha e fazer turismo? Certamente, aproveitarão os dias também para absorver algo da imensa riqueza cultural e turística da Espanha; mas o programa intenso e todo organizado, com métodos e objetivos já estabelecidos, não será propriamente turístico. Vão para encontrar o papa Bento 16? Sim, vão ter encontros marcantes com ele; mas para isso poderiam ir também a Roma...

Para quê os jovens vão à Espanha? Vão para encontrar a Cristo, numa experiência única, juvenil, universal, verdadeiramente “católica”. O papa os convida para esse encontro com Cristo e lhes falará da alegria e da beleza desse encontro transformador; e os exortará a serem fortes na fé num tempo difícil para quem quer crer; a lançarem raízes profundas em Cristo e no seu Evangelho, como plantas que buscam firmar-se para não serem derrubadas pelos ventos e para poderem tirar do profundo da terra os nutrientes de que precisam para viver e produzir frutos. O papa os convidará também a edificarem sua vida sobre a base sólida de Cristo e do reino de Deus, para que sua casa não venha a cair durante as inevitáveis tempestades da vida...

E os jovens farão a experiência do encontro e do convívio na mesma Igreja, na riqueza de sua diversidade, mas também na unidade de sua fé e de sua referência a Jesus Cristo, Salvador da humanidade. Será uma verdadeira amostra da globalização, que se faz a partir de experiências comuns, de uma linguagem comum e de valores compartilhados. A Igreja de Cristo, de fato, desde seu início, tem a missão de “ir a todos os povos”, de realizar esta globalização positiva e de reunir todos os povos num único Povo de Deus, família de irmãos convocada e conduzida por Jesus Cristo, “caminho, verdade e vida”, na direção da “casa do Pai”.

A Igreja, de fato, tem essa vocação profética de unir os homens de todas as raças, povos, nações e línguas e de ser, já neste mundo, o anúncio e o início da nova humanidade, reconciliada e unida no amor, vivendo em paz, todos como irmãos, valorizando-se e respeitando-se uns aos outros. Será uma experiência de poucos dias, talvez vivida pelos jovens como um sonho, mas será um anúncio daquilo que Deus deseja para toda a humanidade. Que bom que isso acontece com os jovens, que são “o rosto jovem” da Igreja de Cristo!

Publicado em O SÃO PAULO, edição de 16/8/2011