Os jovens estão chegando!

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09/02/2013 - 00:00

Faltam poucos meses para a Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro (JMJ), que acontecerá de 23 a 28 de julho deste ano. Ainda que não esteja sendo matéria especial de notícia, uma grande movimentação já está acontecendo para preparar a JMJ; com certeza, ela movimentará no Brasil todo, especialmente no Rio de Janeiro, uma multidão bem maior de visitantes que os eventos esportivos programados para 2014 e 2016.

As Jornadas Mundiais da Juventude foram iniciadas no pontificado do papa João Paulo II, de maneira despretensiosa, no Ano da Juventude de 1985. Na celebração final, em Roma, com a participação de dezenas de milhares de jovens, o Papa lhes entregou uma cruz de madeira, simples e despojada, recomendando que a levassem ao encontro de outros jovens em todo o mundo, falando-lhes de Jesus Cristo. O êxito daquele gesto foi surpreendente e suscitou as Jornadas, que passaram a acontecer em média a cada 3 anos, sempre em países diferentes.

Buenos Aires, Santiago de Compostela Czestochowa, Denver, Manila, Paris, Roma, Toronto, Colônia, Sidney e Madrid já sediaram esses encontros; o próximo será realizado no Rio de Janeiro. Todas as JMJ contaram com a participação do Papa; é ele quem convoca os jovens para esses eventos, concebidos como peregrinações. Multidões de jovens têm correspondido ao convite. Em Madrid, superando todas a previsões, foram cerca de 2 milhões; em Manila foram mais de 5 milhões!

Nas Jornadas há atividades religiosas, culturais e sociais, marcadas por alegria e entusiasmo juvenis; mais que tudo, porém, as JMJ propiciam às novas gerações uma peregrinação interior, atrás de respostas para as suas interrogações existenciais, e que a Igreja lhes oferece a partir do Evangelho de Cristo e de sua experiência bimilenar. Os jovens têm a oportunidade de interagir e se confrontar com os seus coetâneos, originários das mais diversas culturas, e que trazem no coração os mesmos sentimentos. Em julho de 2011, em Madrid, havia participantes de quase 200 países. A JMJ tornou-se uma impressionante manifestação global da família humana!

Nesse convívio, os jovens expressam de muitas maneiras a sua fé comum nas celebrações religiosas, em iniciativas culturais e artísticas e em reflexões de partilha sobre os valores comuns que os orientam nos mais diversos contextos onde vivem. Num tempo de grande pobreza espiritual, como o nosso, comparado pelo papa Bento XVI a um “deserto espiritual”, os jovens continuam querendo saciar sua sede de verdade, valores e beleza; com frequência são conduzidos a fontes secas e frustrantes, quando não envenenadas, que não lhes dão esperança nem motivos para viver e apostar suas energias de maneira construtiva. As Jornadas da Juventude são um convite para se aproximarem de Jesus Cristo, que a fé da Igreja reconhece como o “caminho, a verdade e a vida” e que proclamou: “aquele que vem a mim nunca mais terá sede!”.

Ao encerrar a Jornada da Espanha, o papa Bento XVI entregou a uma delegação de jovens brasileiros aquela mesma cruz de madeira, simples e despojada, que já percorreu vários países do mundo, recomendando que a levassem ao encontro dos jovens no Brasil. Desde 18 de setembro de 2011, quando ela foi acolhida em São Paulo, a cruz está peregrinando por centenas de cidades, sendo acolhida com emoção pelos jovens, enquanto se preparam para a próxima JMJ. Também havia sido acolhida por uma multidão de jovens em Santa Maria, poucas semanas antes do trágico incêndio numa casa noturna, no qual perderam a vida mais de 230 pessoas, sobretudo jovens.

O Rio está se preparando para sediar o grande evento da juventude em julho próximo; o Cristo Redentor já espera a todos de braços bem abertos e a Cidade Maravilhosa se dispõe para expandir ao máximo sua simpatia e cordialidade. Entre os peregrinos, estará também o papa Bento XVI, que manifestou mais de uma vez seu desejo de estar com os jovens no Brasil.

Antes de se dirigirem ao Rio de Janeiro, porém, muitos jovens estrangeiros participarão das “pre-jornadas”, promovidas em numerosas cidades do Brasil de 16 a 20 de julho. Serão acolhidos por paróquias, colégios e várias outras organizações da Igreja; famílias abrirão suas casas, num gesto de hospitalidade que se vai tornando sempre mais raro. Todos virão com recomendação e inscrição feita, acompanhados de religiosos, padres e bispos de seus lugares de origem.

Os jovens de longe poderão conhecer algo da nossa riqueza cultural e religiosa e realizar uma interessante troca de experiências com os jovens daqui. Temos muito a oferecer, mas também muito a aprender.

O enorme fluxo de viajantes, que passará pelos nossos aeroportos e rodovias, ainda parece um fato hipotético, ignorado ou menosprezado. No entanto, será bem superior ao que se espera para a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Muitos desejam vir dos mais distantes recantos da Terra: além da motivação própria da JMJ, o fascínio da Cidade Maravilhosa é bem conhecido e atrai. Mas serão, sobretudo, os jovens brasileiros que afluirão aos pés do Cristo Redentor para essa experiência humana, religiosa e cultural, que tem surpreendido cada vez, até mesmo os mais críticos e céticos.

No dia 13 de fevereiro, Quarta Feira de Cinzas, a Igreja Católica no Brasil vai abrir mais uma Campanha da Fraternidade. O tema não podia ser outro: “fraternidade e juventude”. Os jovens trazem no coração um anseio de fraternidade, que tem a ver com solidariedade, amor, justiça, dignidade e paz, enfim, desejo de um mundo bom para todos. Com os jovens, e por amor a eles, vale a pena investir em laços de profunda fraternidade entre todos os membros da grande família humana, que mostrará mais uma vez seu rosto jovem na JMJ do Rio de Janeiro.

Publicado em O Estado de São Paulo, ed. 09.02.2013