Querido povo de Deus em São Paulo. Tenho em meu coração muitos motivos para alegrar-me com todos neste 25 de janeiro de 2009 e razões de sobra para dar graças a Deus pelo nosso querido jornal O SÃO PAULO, criado por meu predecessor, o cardeal dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, para ser um jornal combativo, figurando entre os meios da grande imprensa, distinguindo-se deles pelo zelo no anúncio de Jesus e de sua doutrina. Gostaria mesmo de ver o nosso jornal acolhido e promovido por todas as seis regiões episcopais, seus setores, paróquias e comunidades. Cabe-nos concretizar o sonho do cardeal Motta, ao qual somamos ao nosso, de torná-lo um instrumento e um espelho da preocupação evangelizadora de nossa Igreja. A história da nossa Igreja nasceu simples e humilde, mas, ao mesmo tempo, muito corajosa. Tratava-se de evangelizar o povo do planalto de São Paulo de Piratininga, ao qual os padres Nóbrega e Anchieta chegaram após uma longa e difícil escalada. Aqui, onde hoje está o coração de nossa metrópole, nasceu a Igreja em São Paulo, à sombra de uma cruz e com uma celebração eucarística; em seguida, chegou um colégio para ensinar a cultura humana e os ensinamentos da fé aos índios e aos filhos de portugueses. Esta Igreja cresceu, tornou-se diocese e, há cem anos, virou arquidiocese. Que história bonita, cujos inícios comemoramos neste dia 25 de janeiro. Hoje, também lembramos a história da cidade de São Paulo, que começou naquele mesmo dia. Aquela vilazinha humilde tornou-se a megalópole de hoje, enorme na sua extensão, grande nos problemas e desafios, mas também grande na generosidade e na riqueza humana de seu povo, na variedade religiosa e cultural; grande nas possibilidades de vida melhor para tantos que a buscam. São Paulo seja para todos a promessa segura de uma vida digna e mais plena. A Igreja de São Paulo é a casa onde todos podem se encontrar como irmãos. Aqui nascidos, ou vindos para cá por opção, missão ou necessidade, todos nós queremos viver intensamente nossa fé e fazer de São Paulo uma cidade mais humana, solidária e fraterna. Dói no meu coração de pastor, como deve doer no coração de todo o povo de Deus e de todos os homens de boa vontade, saber que ainda há tantas crianças pelas ruas, sem a ternura de uma família; tantos, se ajeitando em favelas, barracos e cortiços, ou buscando abrigo debaixo de pontes, marquises e baixios de viadutos; que muitos vivem aterrorizados pela violência; tantos, cujo sonho de trabalhar a cada dia que passa é desfeito pelo desemprego; tantos, famintos de pão, de amor, de vida e de Deus... Alegra-me, porém, saber que há bispos, padres e religiosos dedicados, agentes de pastoral apaixonados por Cristo e por seu Evangelho, leigos nas famílias e reunidos em pastorais, movimentos e associações, que testemunham a presença de Deus nesta cidade imensa e o fazem através do anúncio da Boa Nova, do acolhimento e do serviço aos pequenos e pobres. Neste 25 de janeiro, fazemos nossa primeira festa tendo o apóstolo Paulo como patrono de nossa Arquidiocese. Que sua experiência de Jesus aconteça conosco também, que seu zelo apostólico nos sirva de exemplo; que a intercessão de São Paulo nos ajude a prosseguirmos em nossa missão, até ao ponto de exclamarmos com ele: “Ai de mim, se eu não evangelizar!” Com o 10º Plano de Pastoral de nossa caminhada, que hoje lançamos, queremos expressar nossa maneira de ser discípulos missionários apaixonados por Cristo e seu Evangelho, e nossa contribuição eclesial para que esta cidade seja sempre mais digna de Deus e digna de todos os seus filhos e filhas. No 455º aniversário de nossa cidade, Deus abençoe e proteja seu povo e as autoridades que a governam! Pela intercessão do apóstolo São Paulo, de Nossa Senhora da Assunção e dos santos que aqui viveram, São Frei Galvão e Santa Paulina, Deus abençoe e ilumine a nossa Igreja e a fortifique em sua missão!
Publicado em O SÃO PAULO, ed. de 25.1.09