Anúncio, celebração e testemunho da fé são os focos da missão da Igreja na cidade

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Indicou o Cardeal Scherer ao clero arquidiocesano, em encontro no início deste Ano Pastoral
Publicado em: 28/02/2024 - 16:00
Créditos: Redação

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, realizou na quinta-feira, 22, o seu encontro anual com o clero arquidiocesano, que marca o início do ano pastoral.

O evento, no Colégio Santo Antônio de Lisboa, no Tatuapé, reuniu os bispos auxiliares, padres e diáconos que vivem e atuam na Igreja em São Paulo; além do Monsenhor Edilson de Souza Silva, nomeado Bispo Auxiliar da Arquidiocese no dia anterior.

Nessa ocasião, também foram acolhidos os clérigos que assumiram encargos e ofícios pastorais na Arquidiocese desde março de 2023. Dom Odilo recordou, ainda, os sacerdotes e diáconos idosos e enfermos, além daqueles que morreram no último ano.

Entre os temas tratados no encontro, destacou-se o processo de renovação pastoral e administrativa da Arquidiocese decorrente das propostas do 1º sínodo arquidiocesano de São Paulo.

DESTAQUES DE 2024

Ao recordar os principais eventos eclesiais de 2024 no Brasil e no mundo, o Cardeal Scherer sublinhou a preparação para a segunda etapa da Assembleia do Sínodo dos Bispos sobre a “Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”, que acontecerá em outubro próximo, no Vaticano. Também lembrou o ano jubilar ordinário de 2025 que será antecedido, a pedido do Papa Francisco, pelo Ano da Oração.

No Brasil, tem destaque a 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que ocorrerá de 10 a 19 de abril, em Aparecida (SP), com foco na atualização das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil, com principal acento na formação de “comunidades eclesiais missionárias”.

Além disso, há a Campanha da Fraternidade 2024, que este ano trata sobre a temática da “Amizade Social”.

CAMINHO PÓS-SINODAL

“Na Arquidiocese de São Paulo, seguimos no esforço de traduzir as grandes percepções do sínodo arquidiocesano em novas atitudes e práticas pastorais que façam acontecer a ‘comunhão, conversão e renovação missionária’ em nossa Igreja em São Paulo”, frisou Dom Odilo, ao falar dos trabalhos realizados ao longo de 2023 pelos 13 grupos de trabalhos pós-sinodais.

Neste momento, acontece a Assembleia Arquidiocesana de Pastoral, dividida em três etapas. A primeira sessão, realizada em dezembro passado, foi dedicada à acolhida das propostas sinodais e das reflexões apresentadas por Dom Odilo na Carta Pastoral publicada em março de 2023. No próximo dia 2 de março, haverá a segunda etapa da assembleia, no âmbito das regiões episcopais e vicariatos ambientais, para a elaboração de indicações para um projeto pastoral da Arquidiocese a partir do sínodo. Em maio, acontecerá uma terceira etapa da assembleia para elaborar e definir um projeto pastoral para dois anos.

Já são frutos do sínodo a readequação das regiões episcopais em decanatos e a criação do Vicariato Episcopal para a Pastoral da Saúde e dos Enfermos. Em janeiro, foram promulgados os novos diretórios para a Pastoral dos Sacramentos e da Formação Presbiteral, além das nor- mas administrativas e financeiras da Arquidiocese, as Diretrizes para a Proteção dos Menores e Adultos Vulneráveis.

Encontram-se em fase adiantada também o Diretório da Catequese e o Diretório da Liturgia na Arquidiocese de São Paulo. Outros instrumentos, como o Regulamento da Cúria Metropolitana e o Diretório da Pastoral, continuam em fase de elaboração.

O Cardeal Scherer sublinhou que os frutos do sínodo não são apenas as mudanças nas regiões episcopais ou a criação dos decanatos. “Tampouco os frutos do sínodo se esgotam na revisão ou elaboração dos diversos diretórios. A mudança principal ainda deverá ser a nova impostação de toda a vida e ação pastoral da Arquidiocese”, comentou.

EIXOS DA EVANGELIZAÇÃO

“Uma das diretrizes e propostas sinodais pedia: ‘Organizar a pastoral a serviço da vida e da missão da Igreja’. De fato, esse é o sentido dos planejamentos e atividades pastorais: são serviços à vida da Igreja e à sua missão”, salientou Dom Odilo, indicando os três grandes focos da missão da Igreja, que também refletem a vida e a missão de Jesus Cristo: “O anúncio do Evangelho, para despertar e alimentar a fé; a celebração da fé, para a glorificação de Deus e a santificação do homem; e o testemunho da fé mediante a caridade e o serviço ao mundo.

“O primeiro grande foco da vida e ação da Igreja, e de toda a sua ação pastoral, é o anúncio do Evangelho do Reino de Deus. Sem esse anúncio, feito de muitas maneiras, a fé não desperta nem se alimenta, e se extingue”, destacou o Arcebispo, lembrando que contribuem para esse anúncio todas as ações explícitas de pregação, leitura e acolhida da Palavra de Deus, catequese, formação cristã, retiros, ação missionária e tantas outras atividades. Ele frisou que essas atividades precisam ser priorizadas em nossa ação pastoral: “Sem elas, a Igreja perde seu chão, seu alimento e seu rumo”.

O segundo grande foco é a celebração da fé, para a glorificação de Deus e a santificação do homem, “mediante os sacramentos da fé, a vida de oração, a prática da virtude e da vida moral condizente com a dignidade da vocação cristã, que é a santidade”.

“Nesse sentido, a Igreja tem consciência de ser animada pelo Espírito Santo e sustentada pela graça de Deus. Ela não pode correr o risco de tornar-se uma instituição que promove muitas ações interessantes, mas sem referência a Deus”, enfatizou o Cardeal, recordando que o Papa Francisco tem insistido no fato de que a Igreja, sem oração e comunhão com Deus, é apenas uma instituição humana como as outras.

“A vida espiritual, alimentada no Evangelho, na Eucaristia e no exemplo de Jesus e dos Santos, faz toda a diferença da Igreja em relação a outras instituições beneficentes”, completou Dom Odilo.

O terceiro grande foco da vida e ação da Igreja apontado pelo Arcebispo de São Paulo é o testemunho da caridade e o serviço ao homem e ao mundo. “Não são autênticas a fé e a adoração de Deus que não frutificam na caridade, praticada de muitas maneiras. A exemplo de Jesus, também os discípulos dele devem ‘compadecer-se das multidões’ (cf Mt 9,36; 14,14; Lc 10,33) pobres, enfermas, famintas, sofredoras, desorientadas, exploradas e desrespeitadas em sua dignidade. A fé cristã não combina com indiferença diante das dores do próximo. A fé cristã leva também a valorizar e respeitar toda a obra de Deus Criador, ‘casa comum da família humana’, e a lutar por um mundo justo, solidário, pacífico e bom para todos”, afirmou.

Por fim, o Cardeal Scherer ressaltou que esses três focos são como três eixos, em torno dos quais as múltiplas organizações e iniciativas pastorais de âmbito arquidiocesano, regional e paroquial deverão se agrupar e ser acompanhadas, permitindo uma coordenação e acompanhamento pastoral mais eficaz.