A Opção pela juventude continua urgente!

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05/08/2008 - 00:00

O acontecimento da Jornada Mundial da Juventude em Sydney, coloca novamente em foco o tema jovens na Igreja.
Eventos como este são manifestações fortes de presença e de testemunho. Ao mesmo tempo, inquietam a Igreja, pois esta se pergunta sobre a participação constante dos jovens em sua vida e missão.

A declaração da opção preferencial da Igreja na América Latina e Caribe pela juventude, feita em Puebla, completa 30 anos, em 2009. Esta opção foi reafirmada na Conferência de Santo Domingo (1992), e de Aparecida (2007), a qual acrescentou que deve ser renovada “de maneira eficaz e realista” (DA 446a).

De modo ainda mais veemente, os bispos do Brasil afirmam que esta opção deve ser feita de forma afetiva e efetiva por toda a Igreja, e que é urgente renová-la na busca conjunta de propostas concretas. As Diretrizes Gerais da CNBB para 2008-2010 apontam as ações que devem ser implementadas neste sentido (cf. nº 123).

Tanta insistência, e sempre mais enfática, revelam que esta opção ainda não se concretizou suficientemente. É importante nos perguntarmos os motivos da incapacidade de realizar um desejo tão ardentemente expresso pela Igreja.
Certamente não pode ser explicado somente como má vontade. Lidar com a juventude exige competência pedagógica e capacidade de comunicação com linguagens que nem todos entendem sem uma adequada atualização. O documento de Aparecida reconhece esta dificuldade (cf. n. 100d). Sem um processo constante de formação os agentes de educação e de pastoral da Igreja ficam defasados com relação às transformações do nosso tempo, fenômeno que ocorre também com os executivos ou funcionários de outras instituições ou organismos da sociedade, que são obrigados a treinamentos e aperfeiçoamentos constantes.

Não existe, porém, dificuldade insuperável para pais, bispos, padres, catequistas e outros agentes de pastoral, se estes são movidos pela convicção que Jesus Cristo é o dom mais precioso que os jovens podem ter em suas vidas, e se estão convencidos que é fundamental proporcionar-lhes experiências significativas de fé.

Os agentes de pastoral não precisam saber ou fazer tudo. Um bom início é abrir o coração para a acolhida. Em sua mensagem para a Jornada Mundial da Juventude, o papa deu ênfase a dois motivos e fundamentos da acolhida dos jovens na Igreja, ou seja, que o Espírito Santo se manifesta neles, e os torna evangelizadores de outros jovens. O papa insiste sobre isso, dizendo: “Asseguro-vos que o Espírito de Jesus hoje vos convida, jovens, a serdes portadores da Boa Nova de Jesus aos vossos coetâneos. A indubitável dificuldade que os adultos têm de encontrar de maneira compreensível e convincente a classe juvenil pode ser um sinal com que o Espírito tenciona impelir-vos, jovens, a assumir esta responsabilidade. Vós conheceis os ideais, as linguagens e também as feridas, as expectativas e ao mesmo tempo o desejo de bem dos vossos coetâneos”.

Está provado pelas pesquisas que o jovem ouve mais seus colegas que seus pais ou as instituições. O desejo de evangelizar os jovens deve considerar este fato também, e abrir-se a novas experiências e estruturas de pastoral capazes de acolher a renovação do Espírito Santo e de seus carismas, e acolher sua manifestação nos jovens como eles são. As estatísticas falam que dos 63% dos jovens que se declaram católicos, apenas 10% são católicos praticantes. Isso deve dizer alguma coisa e tocar o coração que tem sensibilidade pastoral, como o coração de Jesus que olhava com compaixão para o povo que estava em condição de ovelha sem pastor. É a espiritualidade do Bom Pastor que vai em busca das ovelhas desgarradas que pode levar a superar as dificuldades.