São Pedro e São Paulo são conhecidos desde os inícios da Igreja como “os principais entre os apóstolos”. Pedro recebeu de Jesus a missão especial de manter os fiéis unidos no Evangelho e de os confirmar na verdadeira fé. Paulo, chamado de maneira extraordinária depois da ressurreição de Jesus, recebeu a missão de levar o Evangelho aos povos pagãos e de lhes abrir as portas da fé para Cristo.

Ambos testemunharam a firmeza de sua dedicação a Cristo e ao Evangelho com o martírio, em Roma, vítimas das perseguições do império romano aos cristãos. Seus túmulos foram lugar de peregrinação ao longo dos séculos e o são ainda hoje. Os dois grandes apóstolos continuam a atrair as pessoas para Cristo mediante sua pregação e o testemunho de suas vidas.

Nossa Igreja e nossa fé são “apostólicas”, o que significa que procedem dos apóstolos, de todos os apóstolos. Somos herdeiros da fé apostólica e, quando recitamos o “Creio em Deus Pai”, nós o fazemos na companhia deles, na firmeza e na certeza do testemunho que eles deram de Jesus e do Evangelho: “Não podemos deixar de falar do que vimos e ouvimos” (cf At 4,20).

A fé apostólica é vivida na “comunhão de fé” da Igreja, como um todo. E quem tem a autoridade de confirmar todos na fé da Igreja e de indicar por onde vai a interpretação da verdadeira fé, são os bispos, sucessores dos apóstolos. Entre eles, em última análise, é o Papa, que recebeu a missão dada a Pedro. Em cada diocese, o bispo, em comunhão com o Papa, é mestre da fé e responsável pela condução da sua comunidade diocesana na fé da Igreja. E a comunhão dos bispos, unidos ao Papa, é corresponsável com ele pela fé apostólica e pelo bem de toda a Igreja.

A fé é expressão da adesão a Deus e da vivência da experiência religiosa. Nossa fé católica, porém, vai além de uma adesão e sentimento vagos e subjetivos. A profissão de fé começa com a afirmação - creio “em”. Cremos em verdades que traduzem um conteúdo, ainda que este conteúdo não seja totalmente conhecido e dominado por nós, individualmente. Mais do que um “bem individual”, a fé apostólica é “patrimônio da Igreja”, do qual participamos. Cremos “com a Igreja” e cremos “como a Igreja crê”.

Na festa de São Pedro e São Paulo, agradeçamos a Deus pela fé da Igreja, da qual participamos. E rezemos pelo Papa Francisco. Ele tem a missão grande e difícil de confirmar a Igreja nos caminhos do Evangelho em nossos dias. Permaneçamos unidos na fé da Igreja, que não é questão de simpatia pessoal, de gosto subjetivo ou de ideologia. Cremos com a Igreja, com o Papa, com os bispos, sucessores dos apóstolos.

E cremos com os apóstolos, os Santos pregadores, mestres e doutores, mártires e testemunhas da fé. Cremos com os Santos de nossa devoção, com Santo Agostinho, Santa Mônica, São Francisco, Santo Antônio, Santo Tomás, Santa Teresa, São José de Anchieta, Santa Paulina. Isso nos deve encher de coragem e serenidade, para caminharmos unidos e firmes na fé da Igreja Católica. Estamos em boa companhia!

Cardeal Odilo Pedro Scherer 

Arcebispo Metropolitano de São Paulo